domingo, 14 de outubro de 2018

O Jardim da casa velha...


         Hoje vi uma cena que me chamou a atenção, passei em frente de uma casa muito velha, quase em abandono, com suas tábuas apodrecidas, já sem tinta, realmente num estado deplorável. Mas que em seu pátio, diante da casa uma pessoa, uma mulher se esforçava por cultivar um jardim, mais especificamente, cuidava de um canteiro onde havia algumas roseiras, que eram o alvo de seu esforço. Imediatamente fui provocado a uma reflexão e lembrei-me uma frase de uma música que diz: “são tantas violetas velhas, sem um colibri”...
         E talvez você se pergunte no que há demais nesta cena e te digo que talvez nem haja coisa alguma, mas como temos tentado cuidar da casa, arrumando diversas coisas e isto me levou a questionar em o porquê de não se cuidar da casa, em de que adiantaria cuidar das rosas?
         Claro que lembrei de Exupéry, e no quanto o tempo gasto com uma rosa faz dela tão importante, mas o que de fato me moveu o pensar foi em o quanto deixamos de lado nossa casa, seja no sentido figurado, pensando no nosso habitáculo terreno, o corpo, seja no deixar de lado nossa morada, nosso lar, nossa família, sem perceber a sua deterioração, sem considerar a necessidade de cuidado...
         Muitos de nós a deixamos de lado pelo trabalho, pela igreja, pelos ideais ‘superiores’, pela nossa falta de tempo e por vezes de interesse. Muitos de nós achamos que ela é forte, foi bem feita e suportará nossos desmandos e nosso desmazelo para com ela, e aqui não importa se você refletir comigo pensando na sua casa, na sua família ou sobre seu próprio corpo, mas sim na necessidade da reflexão sobre o que estamos fazendo e se não estaremos como aquela mulher a embelezar o que desvanece, florir a destruição e o desgaste, inutilmente e sem que haja sentido?
         Claro que há um quê de romantismo e até de idealismo, talvez alguém veja uma ação ambientalista na cena, mas e se houvesse na verdade um tipo de fuga, um não ver a realidade, de não compreender que o tempo passou e as coisas foram se perdendo, como um mendigo todo sujo e esfarrapado que ajeita a gravata ao se levantar.
         Quantos de nós vivem tentando plantar rosas na casa velha?


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