Sempre escrevo algo sobre coisas importantes, busco
sempre expressar o que vejo e acredito ser importante que seja dito. O caso do
menino Henry é um assunto tão triste que pensei em não escrever nada, mas não é
possível...
Chegamos num tempo tão hediondo que não se encontra mais
esperança de seguir em frente. Lembro-me da comoção pela morte da atriz
Daniella Perez, assassinada pelo ator e colega dela, Guilherme de Pádua, hoje ‘pastor
evangélico’. Diversos crimes foram ‘chocantes’ e comoveram um país. Mas hoje em
dia parece que há um acostumar-se com a morte, com o crime, com a corrupção,
com a irresponsabilidade e com todo tipo de maldade.
A morte deste menino, não só nos impacta e choca como
também nos leva a uma desesperança. Somos solapados por noticias que achávamos que
não seriam possíveis. Como o título de um filme antigo (Matou o marido e foi ao
cinema), vimos uma mãe ir para o salão de beleza, durante a investigação da
morte do filho. Conversar com uma babá que relatava uma situação de perigo para
o seu filho, enquanto seguia suas ‘atividades’ na futilidade de sua vida. Uma
mãe que tira ‘selfies’ na delegacia. Um padrasto agressor, covarde e monstruoso
que em sua defesa se diz ‘amigo’ da cantora, deputada e ‘evangelista’ Flor de
Lis, que também é mandante de assassinato...
Por que Henry foi morto? Por estar sendo uma criança? Por ter ‘incomodado’? Ou por que mais uma vez (das tantas que aconteceu), um bandido foi eleito e reeleito até achar que podia estar acima da lei?
Há bem pouco tempo escrevi um texto que diz que o mundo
está ao contrário e ninguém reparou, mas é bem pior do que isto: o mundo
naufragou como o Titanic e o Brasil está nas classes de baixo, onde a água já
invadiu.
Temos um louco governando uma corja de assassinos e
mandantes de crimes, não só deste tipo (como o caso Marielle Franco), mas
também como os que são deixados para morrer sem ar e sem vacina. Mas o pior
ainda vai se desvendando nestes crimes que ‘o homem de bem, doutor vereador,
assassino de criança’ se diz amigo da família bolsonaro em sua defesa e não
vimos nenhuma manifestação nem do governo, nem da Damares, ‘defensora’ da
família e dos bons costumes, que acha ser mais importante falar na cor da roupa
do que na vida de meninos e meninas.
Será que ficamos tão duros e desalmados que não nos
importamos nem com o assassinato de um menino de 4 anos, nem os mais de 353 mil
brasileiros mortos até hoje?
Ou será que a nossa desumanidade latente nos levou a este
momento tão triste onde nos sentimos sem esperança de mudança ou justiça
alguma?