Em 1991 foi lançada a música “O Teatro dos Vampiros”, da
Legião Urbana. Sempre gostei desta música, como bom legionário que sou, mas
nestes tempos ela tem feito muito mais sentido. E é um sentido tanto semântico,
quanto emocional, num sentir constante desta situação que se vive, este momento
caótico. Onde, como diz a música, ‘quando me vi, tendo de viver, comigo apenas
e com o mundo’, este mundo pandêmico e insano ao extremo. E somos levados a
refletir, questionar, tentar entender que mundo é este, que país é este?
Quando o riso se tornou a resistência, compreendemos que
não há graça em tantas mortes, somos solapados por perdas e danos constantes e
que parecem não ter fim. Nos deparamos com o circo brasiliense no planalto,
onde o marionete obediente mente e encobre, ou tenta encobrir um rastro de
tantas incompetências...
Onde o ‘imorrível’ morre um pouco a cada dia na sua
falácia obcecada por relacionamentos e figuras fálicas, impune e indiferente,
não sei se por insensibilidade ou por falta de capacidade intelectiva para compreender
que nos fez ter vergonha internacional, dor e comoção nacional e lutos pessoais
sem fim.
Seguem neste ‘teatro’ dos horrores, dilapidando nossa
esperança e nosso horizonte, neste caos a letra se faz real em cada rosto
institucionalizado pela agressão, o abuso e a morte da infância e da juventude,
pelas mãos de bandidos caseiros, em crimes familiares. Onde infelizmente são os
rostos inocentes que pagam, enquanto os bandidos estão livres. E pior do que
isto, fazendo lives, vídeos e ‘representando’ seriedade e bondade inexistentes.
Seguimos ouvindo discursos sem sentido e sem prática, na
política, na igreja e em todo lugar que deveria nos acalentar, mas que apenas
nos indigna. Nestas horas não sabemos mais o que fazer, atônitos, seguimos
tentando nos reconstruir a cada dia para habitar mais um dia neste país que é
governado por vampiros, que são sustentados pelos mais diversos monstros e
defendidos por uma horda de imbecis que parecer gostar de ver este quadro
dantesco, que não tem nada de divino, nem de comédia.
Espero que um novo dia rompa esta escuridão e possamos ver todos eles virarem cinzas...