domingo, 24 de julho de 2016

Sobre pais, mães e comunidades terapêuticas...


            Toda semana quase tenho encaminhado dependentes de drogas (como também já fui um dia) para internação e observo sempre e cada vez com mais frequência alguns indícios importantes, comuns a quase todos os casos.

            E por isto resolvi escrever, ouvi de uma mãe de um dependente químico esta semana: “Não tenho responsabilidade pelas atitudes dele”. E de outra: “Coitadinho está sem comer desde ontem, vou preparar um café para ele”. Ambos na faixa de trinta anos, com filhos já adolescendo...



            Ouvi na reportagem sobre a comunidade terapêutica que pegou fogo, onde morreram sete pessoas que estavam lá para se tratar, um pai falando que: “A gente põe o filho ali para ser cuidado e acontece isto”. E de outro: “A gente espera que o filho siga o exemplo da gente”

            Não me tomem por julgador de pais, não a responsabilidade direta da dependência e de tudo que advém do vício é sempre de quem usa! 

Mas faço aqui um pedido aos pais e mães:

            Aprendam a dizer NÃO, ponham limites.

            Não espere para ver a polícia colocar.

            Ensine e deixe que enfrentem as consequências de suas escolhas, não passem a mão por cima das atitudes erradas dos seus filhos.

            Não os justifiquem com, é muito novo, muito pequeno, muito inocente, pois para nós pais eles sempre serão mas para os outros não, para os outros sabem como eles vêm o seu filho? Do mesmo jeito que você vê o filho dos outros (que criança mal educada, será que os pais não estão vendo? Se fosse meu filho...) 

         Já fui dependente, conheço suas entranhas e sei que sempre culparão alguém por seus fracassos, inclusive e quase que em primeiro lugar culparão aos pais e mães...

            Entendamos que a responsabilidade de criar um filho não é dar o que precisam e o que querem, mas educar e ensinar, preparar para a vida, para o mundo, para os reveses e desafios do cotidiano. E que temos que entender hoje que se não colocarmos os limites, formos firmes e coerentes, falando a verdade e tendo um SIM que é sim e um NÃO que é definitivamente não, então alguém colocará, seja um policial, um monitor de uma comunidade ou ainda pior a morte. Pelas mãos de um traficante ou de um fogo consumindo uma comunidade... 

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