terça-feira, 19 de junho de 2018

Meu coração não é tão bom assim...


         Por muito tempo pensei ser uma pessoa de ‘bom coração’, certa vez até ouvi alguém dizer (sobre minha época mais difícil) que: O Zé só faz mal para ele mesmo...
         Mas não é verdade, por muitas vezes eu magoei pessoas, pessoas próximas e até gente que eu nem sei que entristeci. Às vezes o coração endurece, a ‘pressão’ faz a pressão subir e falta oxigenação no cérebro e a gente nem pensa direito, nem esquerdo...
         Pensei que meu coração era bom, não sei se é ele ou suas conexões, e eu que tive as sinapses resgatadas pelos livros que eu li me vejo hoje em dia reaprendendo a viver, novo momento, onde vejo que é melhor um passo lento que passo nenhum... que antes uma mão enfraquecida que nenhuma mão...
         E aí o sangue engrossa, ou a carótida afina, calcifica e ouço do médico que estou com setenta aos cinquenta, de caçula viro o mais velho e o velho coração dificulta a vida do cérebro, nesta velha luta da razão e da emoção, sempre uma sabotando a outra, desequilibradas...

         Vejo nesta fase filosófica, racionalista de minha vida, que o meu coração não é tão bom assim, afinal de contas quando parece que a maturidade se aproxima, do nada (ou nem tão do nada assim) o sensível faz birra e resolve complicar a vida do pensador e dobra a carga, o peso, a força do cérebro. Então num tempo onde encantado que estava com os dois trilhões de galáxias já observadas me vejo esperançoso em que as oitocentas e sessenta trilhões de sinapses que se têm no cérebro, possam das suas infinitas formas de cognição e de criativa regeneração encontrarem novos caminhos...

         “Ele é aquele que não coube em si próprio, transbordou...”

         Então que seja assim, ainda que vazem os vasos, ainda que fechem as veias e artérias, ainda que a mão não se mova, ainda assim o pensamento expandirá, as ideias surgirão e as letras transbordarão...


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