Por muito tempo pensei ser uma pessoa de ‘bom coração’,
certa vez até ouvi alguém dizer (sobre minha época mais difícil) que: O Zé só
faz mal para ele mesmo...
Mas não é verdade, por muitas vezes eu magoei pessoas,
pessoas próximas e até gente que eu nem sei que entristeci. Às vezes o coração
endurece, a ‘pressão’ faz a pressão subir e falta oxigenação no cérebro e a
gente nem pensa direito, nem esquerdo...
Pensei que meu coração era bom, não sei se é ele ou suas
conexões, e eu que tive as sinapses resgatadas pelos livros que eu li me vejo
hoje em dia reaprendendo a viver, novo momento, onde vejo que é melhor um passo
lento que passo nenhum... que antes uma mão enfraquecida que nenhuma mão...
E aí o sangue engrossa, ou a carótida afina, calcifica e
ouço do médico que estou com setenta aos cinquenta, de caçula viro o mais velho
e o velho coração dificulta a vida do cérebro, nesta velha luta da razão e da
emoção, sempre uma sabotando a outra, desequilibradas...
Vejo nesta fase filosófica, racionalista de minha vida, que
o meu coração não é tão bom assim, afinal de contas quando parece que a
maturidade se aproxima, do nada (ou nem tão do nada assim) o sensível faz birra
e resolve complicar a vida do pensador e dobra a carga, o peso, a força do cérebro.
Então num tempo onde encantado que estava com os dois trilhões de galáxias já
observadas me vejo esperançoso em que as oitocentas e sessenta trilhões de
sinapses que se têm no cérebro, possam das suas infinitas formas de cognição e
de criativa regeneração encontrarem novos caminhos...
“Ele
é aquele que não coube em si próprio, transbordou...”
Então
que seja assim, ainda que vazem os vasos, ainda que fechem as veias e artérias,
ainda que a mão não se mova, ainda assim o pensamento expandirá, as ideias surgirão
e as letras transbordarão...
Nenhum comentário:
Postar um comentário