domingo, 5 de agosto de 2018

Sobre o que temos e o que somos...


         Eventualmente somos atingidos em cheio por alguma coisa que nos falam. Por vezes uma simples afirmação ou uma singela mensagem podem tanto nos derrubar como fazer a vida toda fazer sentido. Esta semana recebi uma mensagem do meu filho que me fez ter tantas respostas e tanto acalento que não tenho como mensurar...
         “O nosso tempo é diferente do tempo do universo. Sei que tá difícil e que parece que não vai passar. Sei o quanto tu tem ti esforçado... Por favor, continua assim! Tenho muito mais orgulho e vontade de me espelhar em ti por tu nunca desistir, do que pelo fato de tu ter algo. Te amo.”
         Quando se enfrentou tanta coisa quanto eu tenho enfrentado nos últimos anos, quando se está numa situação de desemprego e de quase se duvidar das próprias capacidades, ler isto faz toda uma diferença, principalmente num tempo de ‘desvalorização’ do ser e supervalorização do ‘ter’...
         Compreendermos que nada do que temos ou aparentamos ter define o que somos. Um bom carro, casa, emprego, salário não fazem uma pessoa boa. Em tempos de ingratidão e de pais e mães ‘caixa eletrônico’ e filhos que consideram ‘obrigação’ dos pais o suprimento de suas ‘vontades’ e não das necessidades. Onde pessoas acham que por terem sido postos no mundo receberam um cartão de crédito ilimitado e ‘exigem’ tudo e mais um pouco, realmente é algo de valor inestimável receber tal afirmação...
         O que quero refletir e fomentar a reflexão é de o que realmente somos? No que temos nos tornado e que tipo de relacionamentos estamos construindo? E isto não só em termos de pais e filhos, mas nos mais diversos tipos de relacionamentos, onde as pessoas se aproximam e permanecem perto apenas de quem tem ‘algo para dar’. Onde religiões que tem nas suas fundamentações a ideia de ‘não ter nem ouro nem prata’ se relacionam uns com os outros, e ainda pior, com o próprio Deus, na base do que podem receber, do que podem ganhar com isto...
         Isto me levou a uma oração de agradecimento por tudo, pelo emprego que não veio e pelos que se foram, pela grana que não entrou e pela que já se foi, pelos benefícios, ajudas e restituições que não vieram e por tudo aquilo que não havia para mim. Tudo aquilo que não ganhei, não recebi e não consegui. E compreendi que Deus, a Vida, o Universo já me deram o espírito, a força e a eternidade intrinsecamente por todo o tempo. E que quem realmente me importa é assim mesmo, não precisam ter nada para que sejam importantes para mim.
         Pelo que somos importantes? O que realmente importa além disto?
         SEJA, por mais que você venha a ter...


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