quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ativismo de perfil ou sobre a próxima #


            Ultimamente tenho preferido ficar em silêncio sobre diversas questões, não por não haver o que dizer, mas sim pela sensação de que não adianta refletir. Temos visto um tal ponto de extremismo polarizado que de nada serviria falar ou escrever qualquer coisa.
         Pode até parecer omissão, mas está mais para um preferir a paz. Vi um ‘post’ outro dia que dizia que as pessoas não querem a sua opinião, o que elas querem é ouvir a opinião delas saindo da sua boca...

         E este é o ponto, há hoje uma total inaptidão para o debate, pois preferem o embate. Há um não querer ouvir, compreender ou refletir. Fazem alguns anos que tenho me reconstruído constantemente, me permito rever conceitos, se preciso volto atrás, peço desculpas, mudo a direção ou recomeço. Mas percebo uma crescente onde de infantilização, pois as pessoas não amadurecem mais, são intransigentes e obstinadas. Tomam ‘suas verdades’ como verdades absolutas e acreditam no que querem, mas isto não basta, é preciso ‘catequizar’ outros e o respeito ao diferente é cada dia mais distante...
         Os segmentários se multiplicam e o fracionamento da sociedade se torna fundamentalista e polarizado, incapacitando qualquer diálogo entre contrários, compreendendo-se tudo como oposição. Não há entendimento ou compreensão, e o pior é que nem mesmo há disposição para isto.
         Como se estivéssemos em franca regressão, andamos para trás, como se nos desassociássemos, fazendo o caminho oposto ao dos primórdios da construção das primeiras aldeias e cidades, onde a busca do bem comum fazia com que a humanidade buscasse a socialização. Na contramão da história, em pleno advento das redes sociais, percebemos a nossa imaturidade para as mesmas. Como se não estivéssemos prontos para as redes sociais, deixamos de lado o convívio social real pelo virtual. Então gente que nunca lutou por nada na ‘vida real’ se torna ativista engajado nas redes sociais, na facilidade da virtualidade em detrimento da luta real, na vida de fato, pelo bem de todos e não pelo seu conforto pessoal.
         Onde quem, como eu já fiz, ao fazer um ato público e movimentar estudantes em luta pela escola pública, fica olhando gente ‘lutando’ por uma causa diferente de acordo com o tema de perfil disponível, desde que o ‘wi-fi’ permita e não atrapalhe o horário da próxima série da Netflix...

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