sábado, 23 de fevereiro de 2019

Ninguém nunca ligou...


            Esta semana, após encontrarmos um equipamento que estava guardado, testá-lo e verificar se funcionava, alguém me disse: “Ninguém nunca ligou”...
            Quem ainda me lê (já que muita gente resolveu achar que não devo ser lido por não pertencer ao ‘mesmo lado’), mas quem me conhece sabe que existem frases, palavras ou expressões que me causam o escrever sobre. E esta frase causou isto...
            Seguimos nossas vidas, dia após dia, cada vez mais individualistas, cada vez mais egoístas e menos interessados no que não nos importam. Achamos que não é nosso problema, justificamos que não nossa culpa, nossa responsabilidade ou ainda que não nos importa. Vivemos uma crise econômica e de sustentabilidade e achamos que não importa se desperdiçamos água ou luz, se não reciclamos. Mas mudamos o perfil e adotamos alguma “hashtag” em favor de golfinhos, tartarugas e baleias para ‘apoiar’ a causa, desde que não precisemos abdicar dos canudinhos de plástico...

            Quando nos deparamos com desperdícios no setor público, sinais de corrupção ou beneficiamento de alguns protestamos e revindicamos por justiça e equidade, mas não estamos dispostos a abrir mão das ‘horinhas’ extras em favor de alguma causa, ou ainda de fazer um pouco mais, ajudar o colega, mesmo de outro setor para que a entidade ou empresa possa atravessar a crise. Achamos que é ultrajante e quase um crime (e é!) quando equipamentos se perdem sem nem mesmo serem utilizados, quando verbas não são conseguidas por causa de prazos perdidos ou por descaso dos responsáveis...
            Mas a pergunta mais importante é: - E eu, o que tenho feito?
            Até onde estou indo em favor da coletividade, quanto estou disposto a fazer para que a entidade, empresa, cidade, estado ou país dê certo?
            Ninguém nunca ligou? E eu, você, nós por que não fomos lá ligar?
            Ninguém nunca se importou? E nós, o quanto temos nos importado?
            Ninguém nunca fez? E nós, o que estamos fazendo?
            Barulho, discurso, reclamações, ideias e opiniões todo mundo tem, faz e dá, mas soluções, decisões e ações, quem tem decidido fazer?
            Sejamos os que ligam, abrem, fazem, resolvem, decidem e mudam a história, pelo simples fato de fazermos o que ninguém fez!


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O que guardamos nos olhos?


            Já faz um tempo que não escrevo. O tempo que falta, a demanda que sobra e a urgência do dia, a emergência dos fatos...
            Também tem um tempo que não posto fotos e algumas pessoas me perguntam por quê? Comecei a escrever mais há sete anos e produzi mais de mil textos, já escrevi nos jornais, no blog e escrevi um livro neste tempo, fiz artigos filosóficos e alcancei mais de 120.000 visualizações dos meus textos. As fotos começaram no jornal, antes das modinhas de “selfie” e gosto muito de captar as coisas, as luzes a beleza escondida e tentar de alguma forma mostrar aquilo que acredito que as pessoas não viram ou perceberam.
            No último fim de semana, chegando à praia, vi uma cena maravilhosa, única e me dei por conta que eu não queria fotografar, que se fosse ‘capturar’ a imagem eu a perderia por instantes...
            Então refleti sobre coisas que estão me fazendo rever posturas. Em coisas que tenho observado, que não são novidades, que estão nos engolindo na verdade. A nossa dependência tecnológica crescente, a necessidade de fotografar, de postar, de mostrar de publicar...
            O nosso narcisismo e ‘os lagos de narciso’ que carregamos nas mãos e nos olhamos a perder de vista, a perder do tempo, a perder da vida...
            Tenho descoberto que existem coisas que são nossas, apenas nossas e de mais ninguém. São coisas que guardamos na nossas mentes, únicas, indizíveis e indivisíveis. O que guardamos nos olhos...
            O que levamos na mente, o que só nós ouvimos e vimos. Coisas, lugares, pessoas, momentos e situações que não são a rolagem de uma ‘timeline’ ou notícias de algum tabloide. São coisas escritas, registradas, implantadas no mais íntimo de nosso ser. Escritas no coração e na mente de uma forma que jamais entenderemos...
            Coisas para serem apreciadas, e não postadas. Saboreadas e não divulgadas, vistas com a solene reverencia do existir intimista de nós mesmos e guardadas no coração para sempre...
Esta obviamente não é a foto de quando chegávamos, mas é bela...

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