A construção do pensamento filosófico é uma jornada sem
fim e passa por diversas mentes que não se adequaram ao modo raso de pensar.
Foram instigados a ir além, a questionar, a se abstrair e se abrir ao novo, as
novas ideias e até as possibilidades de novas ideias antes mesmo de elas
surgirem...
Embora não sejamos ‘os pensadores’ construímos nosso
pensamento para além de nossas idiossincrasias, talvez tenhamos alterado a
ordem cronológica do pensar e construído o nosso modo autônomo na contramão,
nos deparamos primeiro com o “cogito” de Descartes e pensamos existir para
depois nos questionarmos se de fato existimos ou ainda se existe um mundo ‘real’
ou exterior, em alguns momentos afirmamos de modo socrático que nada sabemos e
que isto talvez nos ponha em alguma vantagem sobre os que pensam saber. Mas nos
deparamos que saber que nada sabemos seria um argumento sem valor de verdade,
pois saber que nada sabemos já é saber alguma coisa.
Então vamos neste imenso diálogo para além dos tempos e
eras, debatendo algumas vezes com os do passado e em outras soltando a pergunta
para que lá no futuro outros que hão de vir responderem, mas sempre debatendo,
não como quem combate, que necessita vencer, mas como quem busca aprender, que
questiona muitas vezes sem a pretensão de alcançar as respostas, pois
compreende que a certeza não é a mesma coisa que a verdade ou o conhecimento,
pois se pode ter certeza de coisas que na verdade nem são de fato.
Desta forma brindamos aos céticos, por terem a coragem de
duvidar e compreender que se pode suspender os juízos, se abster das certezas
do senso comum, simplesmente para ter este andar ‘suspenso’, acima dos
vaticínios e assim realmente ser livre. Pois a liberdade de pensamento é estar
livre dos dogmas, sabendo, ou acreditando saber que se pode crer e ser cético
conjuntamente e ainda assim ser mais coerente que a grande maioria...
Ir além do mesmo rio, sair da caverna e seguir em frente,
ainda que hajam dúvidas de nosso existir, fazer deste agora a grande ‘sacada’
de nossa vida...