sábado, 19 de dezembro de 2020

Se eu pudesse falar com o jovem que fui...

 

            Já errei muito na vida, fiz muitas escolhas que me arrependo e que se pudesse agiria diferente, acredito que todos nós nos sintamos assim em algum momento da vida. Como disse um filósofo certa vez ‘a vida é se equilibrar entre escolhas e consequências’, acredito nisto e acredito também como outro disse: ‘mais cedo ou mais tarde todos nós nos sentamos para um banquete de consequências de nossas ações’.

            Gosto especialmente de duas figurações sobre este assunto:

            A primeira, Jesus e a mulher surpreendida em adultério. A segunda uma cena do filme ‘Um Sonho de Liberdade’.

            Quando a multidão ‘piedosa’ arrasta a mulher até Jesus e a acusam de adultério, citam a lei de Moisés e tentam testar o mestre. Nas escrituras é dito que ele escrevia no chão com o dedo ou com um graveto na terra, alguns arriscam dizer que ele escrevia palavras de amor. Ele então resolve a situação: Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Sabemos o resto da história...

            Na segunda situação, Red, personagem de Morgan Freeman, entra para ser avaliado para a condicional, após trinta anos na prisão Estadual de Shawshank e perguntam a ele se ele se considera reabilitado (já ouvi tanto esta pergunta), ao que ele responde que reabilitado ou recuperado é só uma palavra...mas se eles queriam saber se ele se arrependia dos seus erros de quando era mais jovem, ele diz sim e usa uma frase muito boa: Eu queria falar com aquele jovem que cometeu aqueles erros, dizer a ele para não fazer aquilo, mas eu não posso, porque a única coisa que sobrou daquele jovem é este velho aqui.

            Talvez você esteja pensando no que quero dizer com tudo isto, mas estou só desabafando e refletindo, como sempre faço e desta forma trago saúde emocional a mim mesmo. Os ‘piedosos’ continuam trazendo seus acusados, os julgadores continuam querendo ver as pedras fazerem sangrar, mas esquecem de que não haveriam pedras suficientes no mundo para aplacar nossos erros, nem haveriam pessoas que não acabassem sendo também apedrejadas.

            As pessoas esquecem que a nossa memória e os próprios atos são suficientemente danosos dentro de nós para que se precise fazer isto. Esquecem que a impossibilidade de reparar tantas coisas, de conversar com o jovem que fomos, já é dor suficiente para que sejamos outra vez arrastados pelos ‘piedosos’. Esquecem também de como era a verdade, antes de começarem a retocar ela para que fosse suportável para si mesmos.

            Faz já vários anos que reconstruo minha vida, é uma obra para muito tempo, até o último dia de vida, talvez para mais de uma vida. Mas para alguns não é suficiente, para alguns há uma necessidade de achar culpados. Aprendi que tinha que me enfrentar e fiz isto, durmo em paz com minha consciência e sei que faço uma boa caminhada, tentando cumprir minha missão nesta existência, não julgo ninguém, pois já fui julgado muitas vezes, não sigo ninguém, pois sei que eu sou o responsável por todas minhas escolhas e isto já toma tempo demais. Então acho que se alguém não gosta de mim, não me aceita como sou, é simples, basta me ‘deletar’ de seu viver e seguir em frente. Porque nas minhas mãos, não existem pedras e nem consigo falar com aquele que um dia eu fui.


domingo, 11 de outubro de 2020

Verdadeiro ou Falso?

 


            Tenho escrito menos ultimamente, pelo menos no sentido de textos reflexivos, pois estamos em meio a uma campanha eleitoral. Sempre estive mais na posição de quem iria votar, e vou obviamente, mas desta vez estou concorrendo também. Mas não quero falar disto hoje.

            Quero falar de nossa necessidade de sermos aceitos.

            Passamos o dia inteiro, desde que ajeitamos o cabelo pela manhã até a hora em que deitamos no travesseiro e nos permitimos descabelar outra vez, buscando a aprovação das pessoas. Até os que dizem não se importar, sucumbem diante da reprovação. É algo meio a frase do Renato Russo que diz que “quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria ERA PROVAR PRÁ TODO MUNDO QUE EU NÃO PRECISAVA PROVAR NADA PRÁ NINGUÉM”...

            Nossa necessidade persistente de sermos aceitos, nos leva a camuflar muitas vezes nossas verdadeiras intenções e motivações. Mas o mais interessante é que quanto mais uma pessoa tenta parecer o que não é, mais ela evidencia sua falsidade. Então, neste período eleitoral, te convido a refletir a respeito dos candidatos, inclusive a meu respeito, e suas atitudes comparando-as com suas ações.

            Não abra mão da verdade, do verdadeiro, do autêntico e principalmente do sincero. Não se deixe enganar, não se venda. Eu acredito muito que as se as pessoas prestarem atenção saberão em quem votar, em quem acreditar e a quem dar o direito de te representar. Somos o que somos e não uma imagem criada pelo filtro do momento político. Pense nisto e uma ótima semana.

O que o vereador faz? Vídeo 1

quinta-feira, 4 de junho de 2020

domingo, 31 de maio de 2020

A democracia sufocada...Justice from Floyd


            Ajoelhar sempre foi símbolo de humildade, oração, reverência e busca pelo Deus da bondade. Ajoelhar era símbolo da penitência, do pagador de promessas e em todos estes casos remetem para coisas boas, da fé, da espiritualidade e da busca do homem de melhorar como pessoa...
            Mas nestes dias, onde tudo está às avessas, onde estamos vendo todos os símbolos sendo deturpados, o ajoelhar significou morte, preconceito, maldade e racismo. George Floyd morre com um policial ajoelhado sobre seu pescoço, asfixiado.
            O caso já foi exaustivamente repudiado, protestado e divulgado, e deve ser assim, precisamos tentar conscientizar as pessoas que os problemas existem, estão aí, não é um filme ou série, é real, está acontecendo!

            Então se já está sendo devidamente tratado, qual a minha reflexão afinal?
            A reflexão é que perdemos os referenciais, os símbolos e as perspectivas morais e éticas e sei que serei chamado de saudosista e melancólico, mas desde quando ‘palavrão’ simboliza ‘liberdade de expressão’, desde quando as pessoas mais detestáveis e desumanas são tratadas com reverência e se inverteu todos os valores?
            Enfermeiras e médicos agredidos, a ciência sendo deixada de lado, a corrupção solta, a impunidade solta, a violência solta e nossos anseios de um mundo melhor sendo destruídos. Todos os valores foram invertidos de uma forma tão brutal quanto a morte de George Floyd.
            A democracia está debaixo do joelho opressor, asfixiando, e ninguém está ouvindo seu apelos. Temo que logo ali adiante, todos que não forem de extrema direita, estejamos dizendo: Não estou conseguindo respirar...


sábado, 11 de janeiro de 2020

Sobre a Porta dos Fundos, Jesus, Gays e “machões” que jogam bombas e fogem...




            Fiquei quieto até agora sobre este assunto, até que ontem vi o “machão” que jogou a bomba e quase matou um vigia na Sede do ‘Porta dos Fundos’ dizer que estava celebrando a retirada do vídeo do ar (algo que já foi revogado) dizendo que ele é ‘macho’ e defende a ‘igreja de cristo’ (minúsculas propositais)...
            Em primeiro lugar quero dizer que Jesus nunca precisou de ‘defesa’ e muito menos a Sua Igreja, ao contrário Ele disse quando julgado que “não terias autoridade se eu não a tivesse dado”. A fonte de 95 % das guerras já travadas no planeta tinham este eixo fundamental em suas essências, portanto não há nenhum tipo de relação ou veracidade para esta justificativa...
            Em segundo lugar o vídeo em si não questiona Jesus (acredito que Ele dê umas boas risadas) e sim a grande massa de héteros inseguros de sua virilidade e opressores de fracos e agressores daquilo que tanto desejam em seu íntimo...
            E é sobre este conceito de ‘macho’ que quero falar:
            Ser ‘macho’ é algo que qualquer criador de animais diz ao verificar o sexo de um filhote (este é ‘machinho’ dizem), é ter uma genitália masculina, um falo, um pênis, algo que até os que eles tanto odeiam também possuem. É um simples apêndice anatômico e que não define nada além do sexo (não a opção).
            Talvez o conceito em que ele se baseia ‘macho’ seja um covarde que ataca um prédio sem medir os riscos e possibilidades de haver ali alguém que possa ser ferido e depois fugir. Talvez para ele seja atacar tudo que não compreende ou deseje muito ser ou ainda ele tenha uma convicção tão fraca tanto de sua fé quanto de sua condição que ataque raivosamente o que lhe parece contrário, agredindo em nome de uma fé que ensina a dar a outra face...
            Ser homem, diferentemente de ser ‘macho’, é ser resolvido, assumir seus atos sem fugir feito moleque, ser fiel, verdadeiro e gentil. Ser cristão é tudo isto na décima potência, pois ter que ser muito homem (independentemente de gênero ou de opção sexual) para dizer não à violência, traição e hipocrisia. Para saber perdoar mais do que ser perdoado, para amar (em toda a extensão que isto possa significar) mais do que ser amado e para dar a outra face ao invés de agredir. Para estes deixo as palavras do próprio Cristo no evangelho de São João:
“Aquele que viver pela espada, pela espada morrerá.”
            Esta mais do que na hora de nós revermos conceitos, a Igreja de Cristo (Eclésia -chamados para fora do sistema opressor + Cristo - aquele que se entrega por amor) esta muito distante de sua essência e faria muito bem ao planeta se fosse se reencontrar ao invés de semear discórdia e ódio numa ‘cruzada moralista feita por hipócritas sem moral contra tudo que não concordam’...
            Ao ‘machão imbecil’ quero apenas dizer que ele destranque o armário e saia e tente descobrir o que é a mensagem do evangelho.
            Que todos possamos encerrar este estigma de intolerância que se instaurou sobre nossa nação e que possamos evoluir como pessoas civilizadas que deveríamos ser...


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