quarta-feira, 31 de março de 2021

Será que ninguém reparou?

 

            Então tudo começou a rodar, foi girando de uma forma imperceptível e quando vimos o eixo da humanidade havia se invertido...

            Talvez a gente não tenha observado, talvez estivéssemos distraídos, afinal o que não faltava era distração: Futebol, BBB 1,2,3... Escândalos de corrupção até acharmos que é normal, ou pior ao ponto de substituirmos sistematicamente um corrupto dito de esquerda, por um dito de direita até a corrupção se tornar ambidestra...

            A verdade é que nesta data (31 de março) tem gente comemorando o golpe de ‘64’, romantizando como aquela mulher que apanha do marido tanto e tantas vezes e quando se separa, se livra, romantiza que ele ‘a amava demais’ ou ‘era por ele ter ciúmes de mim’.

            Quando numa data triste como esta, do tipo que quem tem um neurônio funcionando e um mínimo de conhecimento para saber o que foi a ditadura, sabe que #ditaduranuncamais ...


            Me preocupa muito o caos instaurado, a inversão de valores, a defraudação de tudo que se possa acreditar ou valorizar como algo bom. Talvez seja como a música do Nando Reis que diz “o mundo está ao contrário e ninguém reparou”. Como ficamos assim?

            Será que foi quando não percebemos que muitos dos que surgiram para ‘melhorar o Brasil’ já eram dos corredores do poder, já faziam suas fortunas nos meandros das salas acarpetadas e gabinetes parlamentares?

            Será que foi com o caçador de marajás que acreditava que representar os descamisados era tirar o paletó e dobrar as mangas da camisa de marca e que logo depois afundou a mão na poupança dos brasileiros literalmente?

            Ou será que foram os sucessivos impeachments e as sucessões de vices, com seus ‘acordões’ e distribuições de cargos e verbas?

            Talvez não tenhamos compreendido que já faz muito tempo que fomos sendo manipulados por agentes dos bastidores políticos que articulam o tempo todo para darem um jeito de ‘levar algum’. Não percebemos que eles estavam em toda a parte das igrejas aos partidos, do público ao terceirizado, não licitações e nos conchavos. E pior ainda acreditamos de forma infantil que se o filhinho de papai cara limpa e ‘cheirador’ que não caça marajás não serviu a gente põe o metalúrgico barbudo e quando este não parece servir, trazemos o cara de militar (não importa se foi péssimo militar) e colocamos no lugar.

            E ainda alguns acreditam que depois do país virar o que virou por causa deles todos, que agora vamos para uma ditadura, esquecendo o que isto representa.

            Não quero ditadura, não quero gente morrendo, não quero ver gente enganada na hora da vacina, não quero U.T.I. lotada, não quero ver o que estou vendo. O Brasil só vai mudar quando rejeitarmos a corrupção de toda forma a começar por nós, na associação , no clube, na igreja, no partido, no mercado, na revenda, no trânsito e em todo lugar. E se entendermos que não há violência boa, nem em casa, nem na rua. Que não se pode bater em mulher, nem em criança, nem em idoso e nem em ninguém, que não maldade valida e nem mau caráter aceitável, independentemente de cor, credo ou ideologia.

sábado, 20 de março de 2021

Como saíremos da pandemia?

 

            


            Não, eu não tenho uma fórmula ou método para sairmos, sabemos de antemão que o único jeito é nos cuidarmos e cuidarmos dos nossos. Fazendo o que já foi dito incansável mente: álcool em gel, máscara e evitar aglomerações.

            Mas minha reflexão é sobre como estaremos quando isto tudo acabar?

            Não teremos mais muitas vozes e menos rostos para ver. Não teremos mais muitos amigos, irmãos, mães, avós e tios. Não teremos mais muitos cantores e atrizes e uma infinidade de profissionais de todas as áreas que partiram...

            Mas como estaremos, como seremos? Teremos aprendido lições e quais lições?

            Espero sinceramente que tenhamos aprendido que:

            - Políticos só se importam com eles mesmos e com seu bem estar. Pois fizeram a campanha eleitoral mesmo arriscando a vida de eleitores. Garantiram seus ganhos, seus aumentos e vantagens e ignoraram as necessidades da população. Seguiram se elegendo com mentiras e falsas promessas. E quando posam em fotos destinando verbas como se fossem bem feitores, o fazem com o dinheiro do povo, dos nossos impostos (porquê não doam os salários ao invés de ‘verbas’?). E o pior deixaram chegar ao ponto que estamos (UTIs lotadas e sem mais insumos para intubar novos pacientes).

Será que aprenderemos a votar? Será que deixaremos de ser idiotas e daremos um grande não para eles nas próximas eleições?

            - Líderes religiosos que ficaram milionários oferecendo curas e libertação em troca de dízimos e ofertas, hoje sumidos, se vacinam em Israel. Edir, R.R, Valdemiro e outros tantos líderes de cegos, sem poder e sem honra. Apóstolos, ou melhor após tolos.

            Será que aprenderemos as lições do evangelho? Que Jesus está em nossos corações e não em templos e que Ele não nos pede nada em troca senão o amor ao próximo. E que este amor ao próximo não é fazer ações sociais e se promover nas redes sociais, pois quem faz suas obras diante dos homens já recebeu sua recompensa. Será que os repudiaremos? Será que aprenderemos que não precisamos seguir ninguém aqui nesta terra para sermos abençoados?

            Espero sinceramente que o povo que sobreviver seja mais humano, mais gente boa, mais sincero e honesto, altruísta e empático. E que compreendamos que ou nós evoluímos ou ficaremos muito tempo penando, lamentando e lambendo as feridas, sem ter aprendido nada.

sábado, 6 de março de 2021

Até quando ficaremos chorando?

 

            Na semana que a pandemia chegou ao nível pior já visto, ouvimos estas duas frases: “Tem que comprar vacina, só se for na casa da ‘tua mãe’” e “Chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”

            Todos sabem que ser as proferiu, e o pior, alguns ainda o defendem. Então se faz necessário uma resposta, não só minha (sou apenas um cidadão brasileiro desempregado como milhares), mas do povo que pensa e que não pasta, que fala e não muge...

            Quando este que chamam de ‘mito’ diz a primeira frase, ele não a diz somente ao repórter que perguntou, mas a todos nós, muitos de nós que já perderam suas mães. Esta frase era típica nas escolas, na hora do recreio, como resposta ofensiva entre garotos, coisa de moleques. E é isto que ele é: um moleque de boca suja que ofende a todos e ri do que não compreende (por isto que ele ri tanto, pois não compreende nada).

            A segunda frase é a frase do descaso, da indiferença e do mal caráter que desdenha a dor alheia, que afronta as milhares de mortes. Típica frase dita por estúpidos que não sabem o que falar, ou melhor que fala asneiras para desviar a atenção da compra de uma mansão pelo filho corrupto, réu no esquema das rachadinhas.

            A esta cabe uma resposta:

            Até quando vamos ficar chorando?

            Ficaremos chorando enquanto nossos queridos morrerem sem ar, pois o sistema de saúde sucumbiu pela sua incompetência...

            Choraremos enquanto virmos a impunidade instaurada, o desmonte da saúde, da educação e da cultura...

            Ficaremos chorando enquanto tivermos lágrimas e força para aguentar tanta dor e tanta perda.

            Choraremos pelo Brasil que virou piada e símbolo de incompetência, pelo seu descaso senhor ‘capitão’ ou seria ‘capetão’, uma vez que foste expulso do exército e como esperamos que seja retirado do cargo e da nação...

            Ficaremos chorando pelos nossos amigos que ainda acreditam em ti e oraremos para que eles acordem e vejam quem tu és, para que se possível nunca mais se repita o erro de se achar que qualquer um serve para a mudança que se espera.

            Enfim, vamos ficar chorando enquanto em nós houver humanidade, empatia e solidariedade, coisas que não conheces. Enquanto tivermos amor à vida e pelas vidas que sucumbem dia a dia, nós ficaremos chorando, mas também levantaremos nossa voz contra teus crimes e contra teu deboche hostil e destrutivo.


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