sábado, 23 de setembro de 2017

De quem é a última palavra?



         Constantemente somos questionados ou buscamos ter razão, ter a última palavra, encerrar a discussão e finalizar o debate. Hoje em dia todos nós precisamos defender opiniões e posições e obviamente queremos estar com a razão. E não há nada de errado nisto.
         Porém em tempos de intolerância precisamos refletir e ponderar sobre vários aspectos. A cada dia surge uma nova discussão. São discutidas as preferências sexuais, os gostos estéticos, as ideologias de gênero e outras tantas coisas. Como disse certo filósofo, cada um têm razão na sua perspectiva. E este é problema: Não aceitamos as razões do outro se elas são diferentes das nossas. A isto chamamos de intolerância.
         O homo não aceita a escolha do hétero e vice versa.
         O dogmático não aceita o pensamento do liberal e vice versa.
         Mas o fato de eu não concordar com tal pensamento, este é um direito meu e de cada um de nós, não me dá o direito de impor a minha opção ao outro. E isto vale para todos os lados das questões.
         Arrogamos o direito de manifestar a ‘nossa’ opinião e as redes sociais fomentaram isto, o que é bom, desde que haja respeito ao diferente. Mas o ‘nossa’ opinião já representa o primeiro problema, normalmente quando alguém defende uma ideia diz que ‘nós pensamos assim’ ou ‘muita gente pensa como eu’. O que não é uma verdade absoluta, na maior parte do tempo estamos defendendo ideias e ideais individuais, mas associamos outros, mesmo que eles não concordem plenamente, por exemplo:
         Faço parte de um determinado seguimento religioso e sou mencionado quando isto convém como ‘sendo’ um deles, mas eu ‘estar indo’ em determinado lugar não quer dizer que concordo com tudo que há ali. ‘Sou’ evangélico e ‘estou’ em uma igreja, mas não concordo com centenas de coisas dali.
         Não são todos os evangélicos que são homofóbicos e não são todos homossexuais que querem impor a ideologia de gênero. Assim como não há determinante biológico para a homossexualidade, como também não há nenhuma doença em ser gay.
         Na verdade religiosos esquecem ou desconhecem que uma grande porcentagem de homossexuais é gerada em lares cristão opressivos, bem como muitas pessoas que se prostituem e que usam drogas. (Entenda que não estou comparando estas coisas como afins, mas sim como alvo da luta religiosa, mas que comprovadamente advém em grande parte deste meio)
         Então porque haveremos de ter a última palavra sobre estas questões? Como poderemos entrar em acordo se achamos estarem somente certos os que pensam como nós?
         Nossa hipocrisia, tanto hétero como homo, se deve ao fato de não termos a capacidade da aceitação do diferente e querermos impor a nossa posição aos outros.
         Achar que o mundo religioso é perfeito é tão utópico quanto pensar que só quem é gay que é ‘feliz’.
         O nosso maior problema é quando atacamos o que é precioso aos nossos olhos. Quando um religioso se escandaliza pelo uso de seus símbolos de devoção de maneira inadequada, ele esquece que quando ele julga ‘pecado’ a conduta do outro ele comete o mesmo tipo de ‘sacrilégio’ e ainda traz para si, dentro de sua doutrina, condenação. Pois a bíblia diz que da mesma maneira que julgamos seremos julgados.
         Porém quando um imbecil como o Jean Willis propõe um filme com Jesus e os discípulos sendo homossexuais, ele apenas demonstra sua falta de talento, pois nada conseguiria com uma história genuinamente sua. Precisa ser acudido e se associar com a popularidade de Jesus para que alguém venha olhar seu lixo como arte. Diferentemente de ‘A Última Tentação de Cristo’ que propõe um debate válido.
         Deixo claro também que não preciso, nem acho que seja preciso que alguém ‘defenda a imagem de Jesus’, pois este sim foi coerente e verdadeiro, e é e sempre será o personagem central da história da humanidade. E aprendendo com Ele, encerro com a lição dada no episódio do apedrejamento da mulher adúltera:
         Os acusadores tinham razão, a lei justificava a morte dela. Tentaram fazer Jesus ir contra a lei, mas ele sabiamente não entrou no jogo e disse:
         Aquele que não tem pecado, que jogue a primeira pedra...
         Será que preciso falar mais alguma coisa?


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