sábado, 18 de novembro de 2017

Por mais longe que se esteja...



         Por mais longe que a lua estivesse, a gente sempre conseguia ir até ela. Nada podia impedir-nos, nem o vácuo ou o frio do espaço, pois a gente chegava até ela no relance do olhar e na velocidade do pensamento...
         Até porque se sabia que podia voltar. Sempre a gente escutava a voz doce da mãe dizendo, volte para casa filho, eu estarei aqui esperando por ti...
         E ainda que o sol estivesse a anos luz de distância, feito o delírio de Ícaro, a gente alçava o voo sem medo do calor derreter a cera das nossas asas...
         Pois sempre, ao longe a gente podia ouvir a força da voz de nosso pai dizendo: Me escute filho, você sempre pode voltar para cá...
         E nestas viagens extremamente lindas ou desastrosas era bonito de ouvir, eles dizendo: Você sempre pode voltar para casa...
         E a gente ia pegando no sono devagarzinho, ouvindo a voz deles, dizendo que estavam ao nosso lado...
         Mas um dia, eles partem e não há mais estas vozes e nem a casa, nem a referência de tudo que eram...só lembranças.
E a gente, meio que desesperado fica buscando um lugar, uma casa, um lar, uma voz que diga como nossa linda mãe dizia:
-Você vai muito longe meu filho, mas saiba...
         E a cada escorregada, a cada queda, nas noites escuras da alma a gente escuta eles dizendo que onde a gente estiver a gente sempre poderá voltar...
         Então, sozinhos, já sem eles, percebemos que a noite escura mostra mais estrelas e que a cada queda a gente pode se erguer outra e outra vez...
         Descobrimos então que estas vozes a gente carrega dentro de nós para sempre, muito depois deles partirem e aos poucos, timidamente, nos damos conta que o nosso lar a gente carrega junto com eles em nosso coração...
         E dali, eles sempre sussurram para nós:
-Não se preocupe meu filho você um dia você voltará para ‘casa’...
E ainda que nos sonhos seja melhor
E ainda que o mundo às vezes seja severo e duro demais
Ou ainda que possamos perceber
A beleza infinita de viver
E as maravilhosas lições a aprender
Ou as tantas vezes que conseguimos nos erguer
Sempre e sempre careceremos de ouvir:
Estamos aqui filho...

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