Por mais longe que a lua estivesse, a
gente sempre conseguia ir até ela. Nada podia impedir-nos, nem o vácuo ou o
frio do espaço, pois a gente chegava até ela no relance do olhar e na
velocidade do pensamento...
Até porque se sabia que podia voltar. Sempre
a gente escutava a voz doce da mãe dizendo, volte para casa filho, eu estarei
aqui esperando por ti...
E ainda que o sol estivesse a anos luz
de distância, feito o delírio de Ícaro, a gente alçava o voo sem medo do calor
derreter a cera das nossas asas...
Pois sempre, ao longe a gente podia
ouvir a força da voz de nosso pai dizendo: Me escute filho, você sempre pode
voltar para cá...
E nestas viagens extremamente lindas ou
desastrosas era bonito de ouvir, eles dizendo: Você sempre pode voltar para
casa...
E a gente ia pegando no sono
devagarzinho, ouvindo a voz deles, dizendo que estavam ao nosso lado...
Mas um dia, eles partem e não há mais
estas vozes e nem a casa, nem a referência de tudo que eram...só lembranças.
E
a gente, meio que desesperado fica buscando um lugar, uma casa, um lar, uma voz
que diga como nossa linda mãe dizia:
-Você
vai muito longe meu filho, mas saiba...
E a cada escorregada, a cada queda, nas
noites escuras da alma a gente escuta eles dizendo que onde a gente estiver a
gente sempre poderá voltar...
Então, sozinhos, já sem eles,
percebemos que a noite escura mostra mais estrelas e que a cada queda a gente
pode se erguer outra e outra vez...
Descobrimos então que estas vozes a
gente carrega dentro de nós para sempre, muito depois deles partirem e aos
poucos, timidamente, nos damos conta que o nosso lar a gente carrega junto com
eles em nosso coração...
E dali, eles sempre sussurram para nós:
-Não
se preocupe meu filho você um dia você voltará para ‘casa’...
E
ainda que nos sonhos seja melhor
E
ainda que o mundo às vezes seja severo e duro demais
Ou
ainda que possamos perceber
A
beleza infinita de viver
E
as maravilhosas lições a aprender
Ou
as tantas vezes que conseguimos nos erguer
Sempre
e sempre careceremos de ouvir:
Estamos
aqui filho...
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