Sobre
se desviar, ou sobre não fazer parte da igreja, ou não seguir o rebanho... (Texto Gislaine Rusch)
São
poucas as coisas que nos agridem tanto, quando elas são ditas de uma maneira
cruel, vivemos um momento de verdadeiro desencanto, vamos a cultos para adorar
a Deus, receber a palavra e, no entanto muitas vezes, saímos de lá do mesmo
jeito que entramos.
É
claro que compreendo que um cristão sólido suportará as pedradas e açoites. O
cristão alicerçado na rocha ficará firme nas tempestades e nos vendavais. Será
lançado aos leões e entregará o pescoço à espada por amor ao Senhor.
A
Bíblia afirma isso e não sou eu quem vai discordar. Mas o que parece que os
adeptos dessa frase sem coração, se esquecem que muitos e muitos dos que são
enxotados da igreja “por pessoas” estão em início de caminhada de fé, ou ainda
estão em desenvolvimento, não ganharam ainda tônus espiritual para aguentar as
pancadas que sofreram na da igreja. Se para alguém que conhece Cristo há muitos
anos e em profundidade já é difícil aguentar maus exemplos e más atitudes
de líderes e irmãos, que dirá para quem ainda está em processo de conhecimento
de Cristo e de aprofundamento de raízes.
Deus
em sua infinita bondade, usa quem ele quer, para curar, para levar sua palavra
de Amor, porque ele é amor..
“Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não
deixará ele nos montes, as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou? E,
se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer sentirá por
causa desta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Assim, pois,
não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos” (Mt
18.12-14).
Eu
leio isso, e dentro do contexto da passagem, fico imaginando se Jesus diria à
ovelha perdida: -“Olha só, se você se
extraviou do resto do rebanho porque algumas dentre as outras 99 ficaram te
mordendo, dando coices e esfolando sua lã, é
porque você nunca fez parte do rebanho”.
Sinceramente,
você consegue imaginar o mesmo Jesus que ensinou a parábola da dracma perdida e
do filho pródigo dizendo isso? Eu não acredito.
Quem
reproduz essa frase está dando as costas para a dor do próximo. Para os
sentimentos das pessoas. É alguém que não consegue chorar com os que choram.
Que não entende a dor que é para um cristão ser traído por um líder, ao ter os
pecados que confessou a ele serem vazados para outras pessoas, ou ao ser
perseguido dentro da igreja por discordar de forma legítima e ética da
liderança.
Que
não solidariza com um irmão que foi maltratado por pessoas da igreja. Que não
compreende como sofre alguém que é machucado no lugar onde deveria ser
abraçado, cuidado e tratado.
Jesus
se revela por sua Palavra, que ecoa nas atitudes das cartas vivas que
deveríamos ser nós, cristãos (2Co 3.2-3); porém, se essas cartas não tiverem a
letra e a cor da tinta de Cristo, como querer que os feridos e magoados
enxerguem o mesmo Cristo no lugar onde elas estão?
Em
outras palavras, se quem deveria ser o sal da terra não salga, e a luz do mundo
não brilha, a culpa é de quem sofreu danos infligidos por esse sal que arde e
essa luz que queima? Temos de ser
compassivos; isto é, de sentir em nós o sofrimento dos que estão sofrendo e não
de ficar questionando a fé de quem já foi profundamente machucado por quem se
diz cristão.
Nosso
papel é sermos instrumentos de Deus para levantar o caído, restaurar o
destruído, sarar o doente de alma, buscar o perdido.
Jamais
agir como essa frase cruel propõe. Fica aqui minha proposta para quem acredita
que:
“Quem sai da igreja por causa de pessoas nunca
entrou lá por causa de Jesus”
Em
vez de largar para lá esse indivíduo precioso e questionar a fé dele, parta em
seu socorro e seja você aquele que mostrará que Cristo não é como aquelas
pessoas que o feriram. Garanto que, assim, você estará agindo de modo muito,
mas muito mais cristão e poderá ajudar a cobrir uma multidão de
pecados: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros,
porque o amor cobre multidão de pecados” (1Pe 4.8).
Faça
parte do grupo dos que dão de comer a quem tem fome e não dos que negam
alimento a quem está faminto na beira da estrada.
Paz
a todos vocês que estão em Cristo, e principalmente aos que já se perderam do
rebanho. Até porque, “a Igreja” não é a instituição dos homens, nem a
denominação A ou B e muito menos o “ministério do fulano de tal”, mas sim o
lugar, qualquer lugar onde estiverem dois ou três reunidos em Seu Nome.
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