sábado, 13 de abril de 2019

Imagem filtrada...


         “O processo de filtragem é feito utilizando matrizes denominadas máscaras, as quais são aplicadas sobre a imagem”.
         Há hoje em dia uma prática comum, o uso de filtros de imagens, qualquer pessoa que tem um celular, utiliza-se destes aplicativos para ‘melhorar’ suas fotos. É um tipo de maquiagem para a foto...
         Não sei se por ser do tempo das fotos que precisavam ser ‘reveladas’ em laboratórios fotográficos, onde não sabíamos como ‘íamos sair na foto’, ou se por estar já há anos estudando e cultivando palavras estranhas aos convívios sociais de hoje, tais como transparência, sinceridade e verdade. Que talvez eu estranhe as pessoas não se assumirem exatamente como são...
         Aí não tive como não ponderar sobre isto, sobre quais os filtros, quais as máscaras que temos aplicado sobre a imagem que apresentamos aos outros?
         Percebi que desde os tempos do ‘pó de arroz’ que as pessoas ‘maquiam’ a verdade, não gostam de si, não se aceitam. As ‘plásticas’ permitiram mudanças ainda mais drásticas e fazem com que a Anita pareça com o Michael Jackson, mesmo que este não fosse o objetivo. Não sou contra plásticas, maquiagens e nem filtros de imagem (digo antes que algum criador de polêmica me acuse), mas sou um homem em busca do autêntico e achei a metáfora justificada.
         Por isto espero que cada leitor e amigo possa refletir sobre si mesmo. Este não é um texto para ser lido pensando que isto se aplica ao fulano (como muitos ouvem o sermão na igreja), mas para ser introjetado e feito de perspectiva pessoal contra si mesmo, pois ninguém que não se avalia pode avaliar alguém. Somos feitos de idiossincrasias e dualidades conflitantes, levados ao cinismo em uma sociedade cínica e que ensina a ser falso todos os dias.
         Cabe a cada um de nós a reflexão e o assumir dos erros. Somos quem somos e fazemos o que fazemos sem nunca assumir nossas misérias e até quando o fazemos, logo nos justificamos e pomos a culpa em alguém ou em alguma coisa. Nossa vida está como está pelas nossas escolhas. O Brasil está como está pelas nossas escolhas, não foram alienígenas que assumiram o controle, foram pessoas que receberam a maioria dos votos válidos. Não foi este ou aquele que roubou,foram praticamente todos. Não foi o governo anterior que fez caos na educação, foram estes três meses de desgoverno...
         Foram erros, escolhas e votos que fizeram o quadro que vemos hoje. Assim como da mesma forma, na nossa vida pessoal fomos a gente mesmo que fez o que está aí. Foi a nossa tendência a ‘melhorar’ a nossa imagem, ‘maquiando’ a verdade sobre nós e sobre nossas péssimas escolhas...


quarta-feira, 10 de abril de 2019

Lojas de amigos?


         Li o meu primeiro livro aos sete anos de idade: O Pequeno Príncipe (de Exupéry). Nunca mais parei de ler e nem de fazer amigos. Conta-se do menino Zezinho no portão da casa em São Leopoldo, RS que ele perguntava a quem quer que passasse: - Oi, quer ser meu amigo?
         Sempre os levei muito a sério e tenho amigos daquela mais tenra infância até hoje, que fazem parte da minha vida, da minha história e do meu facebook. Tenho amigos de mais de 40 anos de amizade e que são leais e sinceros até hoje. Não mudaram quando tive as mais variadas fases e formas de expressar minha fé, minhas ideologias e meus pontos de vista. Desde o tempo de ouvir Bohemian Rhapsody do Queen, num ‘toca fitas K7, auto reverse’ num opala SS, neste mesmo bairro onde o Zezinho buscava amigos e jogava tacos.
         Tenho amigos que me viram pregar o evangelho, definhar na dependência e me reerguer e sempre mantiveram a mesma afinidade, afeição e respeito. Tenho amigos que já viram minha face pior e nem por isto deixaram de serem amigos...
         Mas houveram pessoas que chamei de amigos, afirmei que eram amigos e fui amigo sobre as mais diversas circunstâncias, mas não eram, nunca foram.
         Hoje em dia como diz no livro, ‘os homens não têm mais amigos pois compram tudo pronto nas lojas e como não existem lojas de amigos...’ Nas últimas semanas vi isto de perto e mais intensamente e percebi que num mundo narcisista e ególatra é cada dia mais difícil altruísmo e sinceridade, as pessoas aproximam-se de acordo com seus interesses, querem concordância quanto as suas atitudes e julgam nossas escolhas.
         Nos últimos meses e até mais que isto, revi minha vida, revejo-a sempre e desta forma pude perceber que muitas pessoas que eu acreditava gostarem de mim, se tornaram indiferentes, outros que nunca pensei poderiam de alguma forma me dar apoio e apostar em mim, fizeram justamente isto.
         Vi também que há sempre mais gente para julgar e que o sucesso incomoda e como diz Leandro Karnal, se você quer ver se uma pessoa gosta de você, veja se ela vibra com seu êxito, enquanto que os ‘falsos amigos’ só acham bom quando você está na ‘lona’ e o juiz anuncia o ‘knockout’, pois é mais confortável ter pena do fracassado do que lidar com o êxito e o crescimento daqueles que achávamos serem ‘menores’...
         Sempre me alegrei com o sucesso de todos, sempre apoiei as diversas iniciativas, mas infelizmente na maior parte das vezes enfrentei o despeito, o negativismo e o cinismo. Mas nada disto me faz mudar, sou verdadeiro, sou autêntico e sei reconhecer meus erros, voltar atrás e começar de novo quantas vezes for necessário...
         Tenho amigos, por saber que somos sim eternamente responsáveis por aqueles que cativamos e que a minha credibilidade é a coisa mais importante que já conquistei e que me custou e me custa muito caro.
         Não preciso dos aplausos, não os busco. Não quero os holofotes (afinal eles, nos olhos, cegam mais que iluminam), prefiro ser farol que neon, ponte do que palco, transparência do que vitrine e principalmente amigos do que fachadas.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

O mesmo rio?


         Mudar...
         A nossa resistência em relação às mudanças é proporcional ao nosso desejo de que elas aconteçam. Porém a maioria de nós reclama diariamente de diversas coisas que não nos movemos para mudá-las. Mudar não é fácil, acomodar-se é!
         Por isso apesar de acharmos a situação ruim, ficamos nela. Muitos reclamam do trabalho, do salário, da função, outros da relação, do(a) parceiro(a), do casamento e da família. Da casa, do carro, do curso, da formação...
         Mas a verdade é que resistimos à mudança, somos paradoxais e mesmo reclamando de tudo, nos revoltamos com quem nos ‘desaloja’, com quem nos ‘desacomoda’. Aplaudimos quando um chefe põe o colega a trabalhar, organiza o setor, do outro, e faz a coisa andar. Desde que não venha para o nosso lado, desde que não mexa com a gente.
         Sou um homem de mudanças, não gosto da mesmice e jurei para mim e pedi a Deus que por onde eu passasse as pessoas soubessem que ali estive, que por ali passei. Não procrastino, pois já procrastinei demais. Não me acomodo pois já me acomodei demais, esperei demais e sofri demais. Descobri que as coisas que se acumulam um dia me sufocarão e que os fios soltos deixados por fazer, um dia me enrolarão e me impediram de ir adiante.
         Só não realizo o que não está em minhas mãos, só espero o que não depende de mim. Na verdade não compreendo os que são morosos, os que acumulam problemas, procuro ser um solucionador de problemas.
         Compreendi que nunca paramos de mudar, que a questão filosófica do ‘ser’, uma das mais antigas, nos ensina que nada é exatamente igual, imutável e que mudar é parte essencial da nossa existência. Modificamos o tempo todo, deixamos células em toda parte por estarmos em constante renovação, em constante evolução temporal e existencial e que o agora já é passado assim que um milésimo de segundo passou. Que a pessoa que olhamos no espelho é um outro muito diferente hoje do que já foi um dia, que o que pensávamos ser certeza hoje nem entendemos como pudemos ter acreditado naquilo.
         Então estejamos abertos e prontos para mudar, mesmo que seja desconfortável inicialmente, pois se realmente queremos uma vida melhor, diferente, não será fazendo as mesmas coisas da mesma maneira. A melhor definição de insanidade é “fazer as coisas do mesmo jeito e esperar resultados diferentes”. Mudemos!!!

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