Não quero por questionamentos, mas sim
refletir sobre o assunto...
Quando
fui morar na praia, pensei que todos os dias iria ver o mar, caminhar na orla e
até tomar um banho de mar... Mas com o passar do tempo um dia me apercebi que,
faziam meses que eu nem via o mar... Mas o ‘velho mar’ estava lá, imponente e
lindo como sempre...vivendo em sua imensidão...
Ele não deixou de existir, nem eu,
apenas tinha se tornado comum na minha vida...parte de meu cotidiano...
Tudo bem, mas o que isto tem em comum
com isto?
Simplesmente tudo!
Ouço sobre estes prédios desde que me
conheço por gente, e de seu valor e importância histórica há pelo menos 30
anos...
Mas o que foi feito de fato? O que se
tentou fazer esbarrou na burocracia e na má vontade, quando havia vontade a
burocracia impediu, quando se tornou possível não aconteceu porque fazia parte
do que era comum e cotidiano, e por consequência, sem importância...
Como o cinema...
Como o Festival Coxilha Negra (o verdadeiro
que trouxe aqui Netto Fagundes, Belchior e Montenegro, entre tantos outros...
Onde se apresentaram pelas primeiras
vezes Yamandú Costa e Serginho Moah...
Onde já se viu Tangos e Tragédias e
Bailei na Curva (com Marcos Breda no Ciep)...onde já se teve teatro daqui se apresentando
por aí...
...
E agora? Agora não importa, deixou de
ser, acabou e devia sim ser posto abaixo, pois estava pondo em risco a
segurança, se tornou uma mácula, um gueto, ponto de consumo de droga e rota de
fuga...lamentavelmente...
...e o que se
aprende com isto é que não adianta lamentar, tem que se fazer na hora em que é
possível fazer, e se não é possível se faz de tudo para tornar possível, pois
depois, bom depois não adianta mais...
Durante mais de trinta anos foram
feitos debates e fóruns culturais, patrimoniais, isto e aquilo, mas de fato
nada... a cada ano a questão era levantada como se alguém tivesse descoberto a
roda outra vez, neste mesmo ano vi alguém num destes eventos perguntar pela
antiga maria-fumaça...
Me parece que as vezes as pessoas, não
habituadas a pensar acham, quando pensam, que descobriram algo novo... Talvez
não saibam que o organismo libera endorfina e dopamina, sempre que se sente
satisfeito, deviam pensar mais frequentemente e agir mais energicamente...
Mas isto passou...
Não estão mais lá, diferente do mar,
graças a Deus...
E o que se aprende? Que a vida as vezes, seja por descuido ou
bondade com a gente, nos tira algumas coisas velhas demais, desgastadas demais,
perigosas demais para se manterem, simplesmente para mostrar que ali, logo
adiante, atrás do monturo, depois dos escombros...o sol brilha, existe um céu
azul e uma grande possibilidade de se ir em frente...
E deixar tudo bem mais bonito...lamento
por um lado, mas estou muito otimista por todos os outros...
Que
seja o prenúncio de um novo tempo por aqui, onde não permitamos se perder o que
importa, mas que não nos acomodemos mais com o que faz mal...
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