sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ainda sobre as antigas Oficinas...

       
 Ontem à tarde postei uma foto, do local onde estavam os prédios das antigas oficinas, aqui em Butiá. Muitos comentários, opiniões diversas, conflitantes, todas com seus pontos de vista.
         Não quero por questionamentos, mas sim refletir sobre o assunto...
         Quando fui morar na praia, pensei que todos os dias iria ver o mar, caminhar na orla e até tomar um banho de mar... Mas com o passar do tempo um dia me apercebi que, faziam meses que eu nem via o mar... Mas o ‘velho mar’ estava lá, imponente e lindo como sempre...vivendo em sua imensidão...
         Ele não deixou de existir, nem eu, apenas tinha se tornado comum na minha vida...parte de meu cotidiano...
         Tudo bem, mas o que isto tem em comum com isto?
         Simplesmente tudo!
         Ouço sobre estes prédios desde que me conheço por gente, e de seu valor e importância histórica há pelo menos 30 anos...
         Mas o que foi feito de fato? O que se tentou fazer esbarrou na burocracia e na má vontade, quando havia vontade a burocracia impediu, quando se tornou possível não aconteceu porque fazia parte do que era comum e cotidiano, e por consequência, sem importância...
         Como o cinema...
         Como o Festival Coxilha Negra (o verdadeiro que trouxe aqui Netto Fagundes, Belchior e Montenegro, entre tantos outros...
         Onde se apresentaram pelas primeiras vezes Yamandú Costa e Serginho Moah...
         Onde já se viu Tangos e Tragédias e Bailei na Curva (com Marcos Breda no Ciep)...onde já se teve teatro daqui se apresentando por aí...
         ...
         E agora? Agora não importa, deixou de ser, acabou e devia sim ser posto abaixo, pois estava pondo em risco a segurança, se tornou uma mácula, um gueto, ponto de consumo de droga e rota de fuga...lamentavelmente...
         ...e o que se aprende com isto é que não adianta lamentar, tem que se fazer na hora em que é possível fazer, e se não é possível se faz de tudo para tornar possível, pois depois, bom depois não adianta mais...
         Durante mais de trinta anos foram feitos debates e fóruns culturais, patrimoniais, isto e aquilo, mas de fato nada... a cada ano a questão era levantada como se alguém tivesse descoberto a roda outra vez, neste mesmo ano vi alguém num destes eventos perguntar pela antiga maria-fumaça...
         Me parece que as vezes as pessoas, não habituadas a pensar acham, quando pensam, que descobriram algo novo... Talvez não saibam que o organismo libera endorfina e dopamina, sempre que se sente satisfeito, deviam pensar mais frequentemente e agir mais energicamente...
         Mas isto passou...
         Não estão mais lá, diferente do mar, graças a Deus...
         E o que se aprende? Que a vida as vezes, seja por descuido ou bondade com a gente, nos tira algumas coisas velhas demais, desgastadas demais, perigosas demais para se manterem, simplesmente para mostrar que ali, logo adiante, atrás do monturo, depois dos escombros...o sol brilha, existe um céu azul e uma grande possibilidade de se ir em frente...
         E deixar tudo bem mais bonito...lamento por um lado, mas estou muito otimista por todos os outros...
         Que seja o prenúncio de um novo tempo por aqui, onde não permitamos se perder o que importa, mas que não nos acomodemos mais com o que faz mal...


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