quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Essencialmente...



         Somos essencialmente feitos de silêncios, de questões sem respostas e de anseios de alma. Somos essencialmente feitos de sons e vozes, canções e melodias necessárias para o preenchimento destes silêncios inquietantes da mente inquisitiva...
         Somos em essência construídos para mais, sempre mais do que aquilo que já fizemos, já alcançamos ou projetamos. Somos não só o resultado de nossas escolhas, mas somos essencialmente aquilo que escolhemos, e neste escolher, sempre e inevitavelmente haveremos de abdicar de algo, ao acolher algo ficará em detrimento...
         Somos um paradoxo de algo e vazios. Vazios que ansiamos preencher, mas que uma vez preenchidos geram expansões que geram mais vazios e mais anseios...

         Por isto a felicidade, acaba sempre sendo colocada no próximo item, na próxima situação, pessoa ou bem. Irremediavelmente acreditamos que sempre lá no futuro estão as realizações, ferimos o agora com o ontem ou com o amanhã, esquecendo que ao dizer futuro a primeira sílaba já fica no passado. Ofendemos ou entristecemos o que está aqui pelo que não está nem aí...
         Escolhemos mal e agradamos quem não se importa e contamos como certo que o que se importa, o que está sempre ali, haverá de sempre suportar...
         Esquecemos que só se é, sendo...só se vai, indo...e só se acontece, agindo. E que se for para viver o devir existencial que seja ao lado dos que igualmente são, são porque vivem o que dizem ser e se diz deles o ser são porque sendo, se é também saudável (são, sadio) e completo. E que deste ‘ser’ se é, também feliz...

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