Todos os dias ouvimos algo sobre alguém que se atrasou, que
perdeu um ônibus, uma prova ou uma oportunidade. Sempre tememos deixar coisas
por fazer, pessoas por valorizar ou afetos por demonstrar Todos sabemos que não
se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje...
Quando surgem quinze milhões para restaurar o museu, um dia
após a destruição do mesmo, se ouve a ‘autoridade responsável’ dizer que:
- Infelizmente, chegou tarde...
A gente é obrigado a refletir no porque de chegar tarde, em
como se deixa as coisas e as pessoas ficarem para depois e chegarem tarde os
recursos, as providências, as atitudes e as soluções. Deixamos de lutar pelos
nossos sonhos, deixamos para mais tarde ou para amanhã a luta contra o vício, a
busca pela justiça e o enfrentamento necessário, quando não há mais o que fazer
para resolver o problema...
Deixamos para mais tarde as palavras necessárias, as
atitudes tão vitais e as ações que deviam ser inadiáveis...
E aí acabamos por dizer, com os olhos baixos: Infelizmente
chegou tarde...
...os recursos para salvaguardar o patrimônio e proteger a
história, mas não chegou tarde a verba partidária (esta chega antes)...
...a verba para a saúde não chega, mas a para a propaganda
eleitoral chegou antes...
...o medicamento, a doação de órgão ou de sangue não veio a
tempo, mas o desvio para a corrupção e o enriquecimento ilícito não se consegue
contar...
A gente celebra a recuperação de um bilhão e esquece que
foram roubados 10 trilhões, que nunca chegarão para o museu, nem para o
hospital, nem para a educação e nem para nada daquilo que realmente é muito
mais importante...
Agora (neste exato momento que escrevo) todos eles
(candidatos e candidatas) vão priorizar os museus que não priorizaram quando em
seus cargos.
Hoje,
todo mundo se importa com a história e com os artefatos e fósseis, mas não
deixam de depredar o patrimônio público e nem mesmo tem o bom senso de tentar saber
a historia real e verdadeira de seu próprio povo...
Amanhã
muitos mudarão seus perfis e serão quase formados em museologia de tanto que ‘se
importam’ com o museu, mas amanhã ou depois serão ferrenhos defensores de
alguma outra coisa da qual nem mesmo se importam de fato...
Talvez
a possível destruição do crânio de “Luzia” venha a servir de alguma forma para
que a nossa mente se abra para a necessidade de se importar com as pessoas e as
coisas que realmente importa enquanto ainda não é tarde demais para qualquer
reparação...
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