sábado, 1 de dezembro de 2018

Sobre os lírios dos campos...


         Tem dias que a gente é levado a ‘desanimar’, somos atribulados por tanta coisa, tanto sufoco que nem achamos mais a saída. No capítulo 6 de S. Mateus, fala da solicitude da vida, da ansiedade permanente que nos aflige...
            Todo dia nos deparamos com uma nova luta, uma nova demanda ou um novo desafio. Nossa incerteza quanto ao que virá é constante e ultimamente já sofremos sobre o ‘agora’, é aquela grana que não veio no dia que aquela cobrança veio. É a ‘blitz’ que veio antes de vir o dinheiro para pagar os documentos. É o salário que o governo parcelou, mas ‘esqueceu’ de aliviar nos impostos...
            Já não matamos o leão de cada dia, por ele estar protegido e só temos de tentar passar por ele da maneira que der...
            Nestes dias que converso com pessoas que sempre admirei pela sua garra e as vejo com as unhas cortadas, subjugados e perdendo a fé...
            Que vejo as guerreiras e guerreiros que pareciam não se dobrar, chorando em desespero, por ver as coisas piorarem, apesar da fé. Apesar de estarem fazendo seu melhor, sua parte e se dedicando, crendo, buscando e esperando...
            Nestas horas tento entender como olhar os lírios do campo (Mateus 6:28) se na verdade já nem lírios, nem campos existem mais...
            Aí sou levado a refletir: E se não houverem mais lírios?
            E se eu já estiver impossibilitado de os cultivar?
            Nestes momentos é que tenho que entender que ninguém disse que haveriam garantias, ninguém disse que haveria justiça e equidade, a única certeza que temos é que devemos seguir em frente, sem perder a esperança e ensinar aos outros sobre a beleza dos lírios e de como eles viviam nos campos, apenas confiando em Deus...
            Tenho que lembrar as pessoas que não importam as injustiças sofridas, a injustiça do mundo ou as escolhas mal feitas. A única coisa que realmente importa é decidir continuar HOJE, agora, e saber que mesmo que não existam estas garantias e esta justiça que desejamos, nós devemos ser a garantia e a esperança de que vale a pena continuar, seguir nadando, mesmo contra a maré e não desistir...
            E assim, nós mesmos, é que seremos os lírios do campo...


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