E de repente a gente
têm meio século, já não se é mais menino, já não se é mais jovem e se pensa ser
maduro, mas ainda não velho... Quem
sabe?
Se passou já de tantas crises e situações, se deixou já
muitas coisas para trás e se percebe que já não é o mesmo que um dia se foi,
talvez estejamos amadurecendo... Será?
Talvez se esteja, pois vai percebendo que não se pode mais
mudar o mundo, mas ainda há muito para se fazer, apenas cumprindo a nossa
parte. A gente então descobre que não pode nem mudar, nem controlar as pessoas,
mas que se pode e se deve controlar a si mesmo, naquelas coisas que podem nos
prejudicar.
Mas a maturidade deve trazer para nós mais do que experiência
e conhecimento, deve trazer sabedoria. Porém isto não ocorre ao ficarmos mais
velhos, não depende de idade. Isto ocorre ao ‘amadurecermos’. Amadurecer é ter
o melhor sumo, ser mais tenro, muito mais agradável. É não estar mais tão ‘verde’
para o viver e principalmente para o conviver.
É já carregar mais estradas e caminhos que no início da
jornada, mais mares e marés do que ao partir do porto seguro, sem ter ainda, no
entanto, a visão clara do porto final da chegada. Onde um dia haveremos de
aportar e ali descarregar nossa ‘bagagem’, nossos desejos de cais...
É se ter plena consciência de que já temos menos tempo de
vida pela frente do que vida já vivida. E desta vida ter pouca coisa numa
memória vívida do que se viveu. É ter brumas e nuances, óculos e cansaços em
demasia, mas também perspectivas, conhecimento e clareza, desde que não
tenhamos acolhido a intransigência do ser.
Porém é também ter infinitas possibilidades se houvermos
aprendido a ‘arejar’ a mente pondo no sol os infortúnios e as decepções, ‘espanar’
as tristezas e revitalizar as alegrias...
Sejamos nós, aos 50, 60, 70 ou qualquer idade que seja, mas
sempre vivendo a idade na idade, sem se confundir...
Aceitando os cabelos brancos como troféus, pois senão seremos
apenas arremedos de juventude. Sem se vestir aos 50, 60 com as roupas de quando
tinha 20 ou 15...
Sendo, apenas sendo, na plenitude do que se seja, na
exuberância do que tornou, sem culpas ou lamentos. Sendo na beleza do que se
é...
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