A fragmentação da essência individual de cada pessoa
acontece no decorrer da existência. Muitos de nós, mesmo que sem perceber, vai
subjugando sua própria identidade. Nosso maior erro é querer ‘agradar’ pessoas
ou grupos, se ‘conformar’ às situações e abdicar de princípios próprios por ideias
coletivas.
A ‘conformação’ é a atitude de ‘se moldar’, se formatar a
algum condicionamento e desta forma ser mais um. Não falo aqui de uma atitude
de discordância continua, mas sim de um modo de ser pensante e cognitivo, capaz
de manter-se íntegro e idôneo.
Perceber as coisas que são ‘nossas’, sejam ideias, ideais ou
ideologias e dentro destas ainda distinguir coisas que realmente pensamos das
que apenas agregamos de outros é um exercício fundamental na busca filosófica.
Para se entender a construção do pensamento é preciso ser pensante. Da mesma
forma que só somos capazes de amar alguém, se antes disto houvermos aprendido a
nos amarmos e construirmos a inteireza essencial de nós mesmos é algo
fundamental.
Por isto, hoje em dia muitos citam frases de outros, sem
conhecimento ou a vivencia para a máxima expressa, apenas por acharem a frase ‘bonitinha’.
Citar Nietzsche apenas para dar a ideia de saber ou conhecimento ou ainda Kant
para explanações éticas, de nada vale se não houver em mim uma essência de
conhecimento ou um sentimento ético.
Assim como não posso ‘dar aula’ daquilo que não me
capacitei, não poderei também ser considerado verdadeiro nas minhas
argumentações em assuntos que, ainda que tenha lido, não domino de forma
efetiva. E dominar de forma efetiva é além de buscar a fundamentação literária,
absorver este conhecimento e agregá-lo ao meu conhecimento empírico e
existencial, filtrando tudo através de uma consideração racional e intelectiva,
baseada nos conceitos dos quais realmente acredito. Aquilo que realmente está
em mim de forma profunda, será percebido no meu falar e confirmado no meu agir
se isto fizer parte do que realmente sou.
Por tudo isto, se
torna necessário a ‘reconstrução’ de nós mesmos e de nossa mais pura essência.
Que possamos deixar de lado o dogmatismo e a rotulação simplista, se conhecer
de forma profundo é saber quem se é de fato e mais do que isto, fazer uma
análise sincera e coerente sobre as coisas das quais dizemos acreditar, em
detrimento daquelas que são crenças de outros, sejam religiosas, políticas ou
das áreas acadêmicas.
Não somos esquerda ou direita,
evangélicos ou ateus, homo ou héteros, somos pessoas e desta forma temos uma ‘personalidade’
única. Ainda que se tenha esta ou aquela ‘convicção’, estas são passíveis de
mudança e podemos mudar de opinião também, mas jamais poderemos mudar nossa essência
mais intima e profunda, sob pena de deixarmos de ser nós mesmos. Seja você
mesmo, deixe de ser um rótulo, uma sigla ou qualquer coisa que não você. Pois só
assim se encontra a paz de espírito e o pleno ‘ser’.
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