quinta-feira, 30 de junho de 2016

Como se não houvesse amanhã...


            ...às vezes a gente tenta mesmo entender, mas acaba se entristecendo. Não tive, ninguém tem pais perfeitos, pelo contrário passei algumas coisas bem ruins, outras nunca vou saber a fundo...
            Mas quero falar de quem afinal somos nós?

            Que tipo de certeza se tem de que se está fazendo o certo o tempo todo? Filhos são complicados, pais muito mais...

            Nos filhos a gente deposita esperança e sonhos, dos pais se espera um modelo, um santo e da mãe uma virgem, uma imaculada peregrina ou uma empregada.

            Esperamos que os filhos não errem e se erram tentamos não perceber e se percebemos perdoamos...

            Caçamos os erros dos pais (pai e mãe), fustigamos, testamos e exigimos, mas o pior é que quando encontramos os erros, e sempre encontraremos podem ter certeza... daí passamos a uma cruzada pela justiça, uma santa inquisição...

            Ah se nós pais pudéssemos sermos apenas nós mesmos sem retoques ou disfarces de super-heróis...

            E se enquanto filhos fôssemos tão somente isto, sem a pressão de cumprir expectativas...mas entendendo estes seres que abdicaram de muitas coisas por nós um dia (falo dos que abdicam), perceber o tão pouco que deixamos por eles e quanto exigimos...
                               
            Se nós pais não tivéssemos tantas saudades, se as memórias das crianças “mais legais do mundo” nos bastassem e não nos vissem como dramáticos melancólicos de plantão...

            Se os desenhos assistidos juntos, os games jogados em dupla, nos servissem por si só...


            E se entendêssemos que não se escolhe pais, nem filhos, somos levados pela vida a aprendermos uns com os outros, por serem justamente estes os que por vezes nos incomodam...

            Que agradeçamos aos pais de coração, às mães de afeto e aos filhos e filhas tornados “entes”, famílias que a vida enviou para quem sabe acertarmos desta vez...

            E que como diz o poeta: “o medo da solidão se afaste e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável”

            Que não paguemos eternamente pelos erros do passado, mas que também não continuemos insistindo neles.
            E que sempre todos saibam sempre, mesmo que eu não diga, o lugar que cada um ocupa em mim.
 

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