Há cerca de 23 anos atrás, entre 1994 e
1995, havia cultura em Butiá. Haviam grupos de teatro e realizamos uma mostra
de teatro com estes grupos no Clube Butiá, também fizemos a abertura do
Festival Coxilha Negra nos anos 1991, 92, 93, 95 e 96.
Hoje minha irmã Luzia colocou estas
fotos num grupo de acervo daqui da cidade, o mesmo onde fui censurado pelo seu
antigo ‘mediador’ e coordenador de cultura daqui.
Ao ver estas fotos pensei no que já foi
feito nesta cidade e na pobreza cultural destes dias. Nós éramos amadores, mas
colocamos cerca de 400 pessoas no Clube Butiá para assistirem “Eterno Quintana”
uma mostra realizada pela gente. Nós éramos amadores, mas aprendemos a
interpretar em cima de pernas de pau de 1 metro e 20 de altura e nos apresentamos
no Teatro de Câmara, Renascença, no Praia de Belas e inauguramos a Casa
Turelli.
Fazíamos os textos, o figurino e a
trilha sonora...
Falávamos de sonhos e acreditávamos que
Butiá seria muito mais, havia crescimento, cultura e prêmio da UNESCO, havia o
festival com Osvaldo Montenegro, Belchior, Neto Fagundes e Orquestra de Câmara,
junto com Borguetti e Elton Saldanha. E ali no B.T.C. se apresentou também
Tangos e Tragédias, no CIEP, atual Roberto Cardoso teve Bailei Na Curva, com
elenco original, incluindo Marcos Breda e Luciene Adami...
Talvez quem esta me lendo ache que
estou nostálgico, outros vão dizer que vivo no passado e que não vejo o que
acontece hoje em dia, e me desculpem, não vejo mesmo. Vejo uma cidade moribunda
como um doente de UTI, e não só em termos de cultura e educação, mas em tudo.
Que eu seja, ainda uma vez mais, o
Menestrel que tenta se fazer ouvir e espera que a nossa gente um dia volte a
ser a cidade da gente. Não da minha gente ou da tua gente, mas de todos. Não do
‘povo do bem’ que parece ser mais do bem viver próprio, mas de toda gente de
bem que acredita que podemos ser muito mais do que isto que se vê aí...
Aos que não aceitam elogios se não os
recebem, me desculpem, pois não elogio mediocridade nem egoísmo. Façam por
merecer, criem, realizem de fato e não de discurso.
Que a terra que vende os tijolos de um
prédio histórico, recupere sua alma e não se venda definitivamente aos
carreiristas do serviço público e nem barganhem sua dignidade por uma cesta
básica...
Fomos muito mais do que isto e podemos
ser muito mais do que já fomos...
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