Já se vão anos, desde que comecei a
reconstruir minha vida. E com a ajuda de Deus e de inúmeras pessoas que
acreditaram e acreditam, continuo a reconstruir cada parte de meu ser.
A dependência química, além de nos
tirar a sanidade, cobra um preço muito alto, de forma que só quem ‘realmente
quer’ que consegue se libertar e se reconstruir. Mas é possível, eu sou a prova
disto.
Hoje me deparei com um dos muitos que já
encaminhei para tratamento. É muito triste ver as pessoas voltarem para o que
os destrói. Nestes anos que tenho levado pessoas para internação, apenas dois
permanecem de pé, e são os que não voltaram para cá.
Durante muito tempo eu sempre disse que
o querer é o fator principal para a recuperação. Mas analisando todos os casos
de recaída, percebi que existe uma outra coisa, tão importante quanto o querer:
a humildade.
Quero salientar aqui que ‘o querer’ que
eu falo, não é um querer como quem têm vontade de alguma coisa, mas sim o
querer como o de um pai ou mãe que quer salvar a vida do filho.
Mas, mesmo querendo de todo coração,
ainda é necessária a humildade. A grande maioria dos dependentes químicos é
cheia de si, prepotentes e arrogantes, até mesmo em função do vício.
Li num artigo hoje, sobre uma frase atribuída
a Dostoiévski que diz que: “O medo de ser livre, provoca o orgulho em
ser escravo”.
Isto retrata o que estou dizendo, este
orgulho na escravidão impede a liberdade. Enquanto não houver o sentimento de
vergonha legítima e um profundo arrependimento da escravidão, não haverá
libertação verdadeira.
E esta verdade é válida para todos os
vícios, sejam quais forem, até o vício da ignorância e da acomodação. E sempre
é bom lembrar que:
As gaiolas são
lugares de certezas.
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