domingo, 23 de outubro de 2016

Sobre ser uma página...



“Seja como uma página que sofre por palavras que falam sobre um tema atemporal”

         Esta frase da música “BE” de Neil Daimond, sempre mexeu muito comigo, mas hoje em especial de forma diferente. Aprendi com tantos escritores coisas que agreguei ao meu ser, com Nikos Kazantzáskis, no Pobre de Deus ele diz no início:
“Muitas vezes tomei a pena para escrever, porém logo renunciava, morto de medo. Sim, que Deus me perdoe, os caracteres do alfabeto me aterrorizavam. São duendes malévolos, ardilosos, despudorados e pérfidos. No momento em que se abre o tinteiro para libertá-los, fogem em atropelo incontrolável: animam-se; unem-se, separam-se e alinham-se à vontade em cima do papel, completamente negros, com seus rabos e cornos. E é inútil chamá-los à ordem ou suplicar. Fazem o que bem entendem.
Assim, nessa desvairada sarabanda, revelam sorrateiramente tudo o que se queria esconder e chegam ao cúmulo de recusarem-se a exprimir aquilo que, no âmago de nosso coração, luta para sair e falar aos homens.”


Sempre fui intrigado com as palavras e estas coisas foram fazendo minha paixão pelas letras, etimologia e grafias. Entender ou pelo menos acreditar como eu acredito que o universo foi criado pela palavra e é sustentado pela Palavra de Deus pode parecer romantismo, mas para mim é definição.
Compreendo que palavras destroem e edificam, levantam e arrasam, acalentam e consolam...
Hoje apenas me entendo assim, como uma página, o receptor delas e por isto tantos textos, sofro-as, sinto-as e divulgo-as...

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