segunda-feira, 3 de abril de 2017

Sobre gritar ficando em silêncio...



        Como é difícil ser claro, como é difícil transmitir o que se pensa, aquilo que se quer dizer.
Algumas pessoas dizem que me expresso bem e que sou bom com as palavras, mas tenho para mim que não.
        Por mais que eu me expresse, por mais que eu deseje ser claro e objetivo, mais me sinto incompreendido. Tento de todas as formas, mas me deparo com esta realidade caótica, com este mundo ao contrário como disse o poeta, onde parece que ninguém reparou.
        Todos os valores que conhecíamos estão sendo desfeitos, questionados e inutilizados. E para mim que já andei do outro lado da sanidade e consegui sair, mas precisei uma imensa força para pôr em ordem meu mundo interior, vejo a cada dia uma grande bagunça sem sentido que me leva a afirmar junto com Renato Russo:
        “Eu tenho quase certeza que eu não sou daqui”.
        E para quem deseja, assim como eu, comunicar suas ideias e pensamentos isto é realmente frustrante.
        Mas há uma outra grande e importante verdade que tenho aprendido e mesmo que alguns não se importem vou dizer:
        As pessoas só enxergam o que desejam ver. E só muda quem quer mudar, quem não quer não adianta de nada o nosso esforço.
        Nesta triste sociedade egocêntrica onde os valores mais simples se perdem, não é de se espantar que estejamos vivendo um caos completo.
        As pessoas pensam que os outros são seus empregados, crianças e jovens fazem o que bem entendem e não dão a mínima para o cansaço, o desgaste e o esforço de seus progenitores.
        Ninguém devolve mais nada, não põe mais nada no lugar e nem mesmo se importa com coisa alguma.
        Então acabamos numa encruzilhada cruel:
        Ou me calo e deixo que seja como for, a vida siga seu rumo.
        Ou falo e me torno (como já sou para alguns) o chato.
        Ajudo ou deixo cada um a sua própria sorte e como dizem “seja o que Deus quiser”. Mas que na verdade nem tem nada haver com a vontade do Eterno.
        Tenho para mim, pelo menos hoje, que o melhor que posso fazer é escrever e ficar quieto, ou seja continuar a escrever e aí quem quiser lê e quem não quer simplesmente passa batido.

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