domingo, 16 de dezembro de 2018

Sobre roupas brancas e mão sujas...


            Tenho visto que meus textos ultimamente tiveram menos visualizações e fiquei pensando no porque, por isto também resolvi escrever menos ainda. Há alguns meses depois de um grande período desempregado, de ter enfrentado os AVCs e me recuperado, fui ‘lembrado’ por um amigo e estou trabalhando com ele já há três meses e sou grato por isto...
            Mas percebi pessoas mudarem comigo. Sempre fui avaliado politicamente pelas escolhas da minha família, nunca tive um cargo ou concorri a qualquer cargo público. E estas coisas me fizeram refletir mais ainda sobre a vida. Sobre as pessoas acharem ter o direito sobre a vida alheia, sejam com opiniões, julgamentos ou qualquer tipo de ação que vá além de o ‘seu’ espaço e invada o limite do outro.
            Sempre cultivei amigos, ajudei e fui ajudado, mas na maioria do tempo aceitei as pessoas como eram sem obter o inverso. Quando tive oportunidade ajudei, indiquei pessoas para vagas, possibilitei tudo que pude, nunca disse não a alguém que me pedisse ajuda. Levei pessoas com o meu carro a Gramado para serem tratadas, encaminhei, consegui vagas, mas obtive a indiferença até de alguns que não tinham ninguém e de familiares de pessoas que ajudei.
            Estou me queixando? Não, estou avaliando as tantas vezes que nos enganamos. Os anjos que depois se mostram nada bons. Os amigos que só são amigos de quem concorda com eles.
Percebo nestes dias tão obscuros em que já não sabemos muito bem quem é quem. Onde os fiéis de todas as vertentes tem sido roubados, abusados e confundidos. Onde os ‘santos’ estão cada vez mais endiabrados, os ‘de Deus’ são tudo, menos de Deus. Os valores se perdem, a fé, a amizade e a fidelidade são apenas sinais de vulnerabilidade que atraem as mentes doentes e egocêntricas daqueles que só pensam em si, com discursos altruístas...
            As roupas brancas e os pés descalços hoje são tão sinônimo de corrupção e de imoralidade lasciva quanto tem sido as gravatas e as saias compridas daqueles que um dia também já foram tidos como o povo ‘de Deus’...
            O que me leva a resolver tomar distância. Talvez, cada vez meus textos deixem de serem lidos, mas prefiro o refúgio dos que amo, da minha fé simples e dos livros que sempre são autênticos. Não quero ser parte do que vejo, da proliferação da fé na clandestinidade, da falsidade de motivos e nem das ações feitas apenas com a finalidade firmada no ego... Nem das mãos que abençoam ao mesmo tempo que abusam, nem das fontes de águas doces e amargas... Ou das roupas brancas com mãos sujas...
            Que Deus me permita seguir na simplicidade do meu caminho, da minha fé e do amor que me move, sabendo que meu coração permanece em paz e minha consciência tranquila, por mais que eu tenha tido sempre mais juízes do que amigos...


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Efêmera Idade


         Tenho andado pensativo ultimamente, sobre a questão da efemeridade da vida, das coisas, das pessoas e principalmente da falta de constância, de firmeza, de palavra, a falta do Eterno...
         A inconstância generalizada, a fraqueza das coisas, dos relacionamentos e das pessoas. Como é efêmera a idade, como se esvai, como é fugaz o nosso tempo e as nossas ações. Como disse Adriana Calcanhoto: “As crianças correm para onde?”
         Tenho observado a inconsistência das falas, das pessoas e das ações. Se denominamos épocas como idade disto, idade daquilo, acredito que esta seja a “EfemerIdade”, o tempo onde nada é muito concreto, nada é totalmente verdadeiro, como se só estivéssemos esperando o castelo cair. O que parece ser amigo não é de fato. O que parece amar não ama de verdade. O que parece ser cristão não é e o que parece ser mundano é mais santo que o que diz ser santo. E se o sacro já não é santo, então o profano se purifica.
         O que discursa o amor não ama, o que afirma a retidão caminha torto, o que diz andar na luz, se perde em densas trevas. O que se ressente não percebe o quanto machuca e o que critica nada faz...
         Estamos cheios de ‘doutores da lei’, de todas as leis, de todas as causas, mas sem muitos que realmente se importem de verdade, com quem quer que seja além de si mesmos. Os valores estão nas coisas até para aqueles que se diziam não ser deste mundo e os que esperavam a eternidade ostentam seus bens para maquiar a sua fragilidade, sua falta de solidez e sua meninice.
         E o que estamos gerando além de uma grande massa de gente efêmera, com relacionamentos, ideais, amizades e fé tão efêmeras quanto sua incapacidade de altruísmo ou resiliência. Já não existem mais os abnegados, os humildes e os que sofrem o dano.
         Nos tornamos defensores de muitas coisas por um breve período de tempo, não investimos mais em tentar compreender os outros, julgamos sem aceitar julgamentos, criticamos sem aceitar criticas e sacrificamos qualquer coisa para estarmos com a razão, enquanto isto uma infinidade de gente sofre e sucumbe sem ninguém que realmente se importe...


sábado, 8 de dezembro de 2018

Sobre as provas ou (Eu quero chegar antes para sinalizar)


            Quando a gente começou o primeiro semestre em 2017, depois de ter feito um vestibular, meio que ‘por fazer’, não imaginava onde esta estrada me levaria. Minha esposa (amiga, companheira, namorada, colega, parceira e amor) nos inscreveu no vestibular da UFPel para me motivar a voltar a estudar e acabou entrando também...
            Agora ao terminar o quarto semestre, 23 cadeiras, muitas horas extracurriculares, voluntariado e monitoria solidária, distante dos 64 alunos que iniciaram o curso, ficaram apenas os guerreiros e as guerreiras que seguem e espero que cheguem ao fim, me ponho a refletir:
            A filosofia é realmente algo haver com um ‘amar’, é algo que nos desafia, instiga e provoca as mais diversas emoções. Num momento se deseja ardentemente que o semestre acabe, que as provas sejam vencidas apenas, como aconteceu hoje. No momento seguinte se está entrando em contato com a tutora da turma que esta adiante pedindo os conteúdos e as obras a serem lidas, os filósofos a serem desvendados e ansiosos para que chegue a segunda-feira, para ir a biblioteca pegar os livros para a próxima etapa.
            Lá no inicio eu já havia lido as tragédias gregas, os pensadores, inúmeros livros, e aprendido um pouco de muitas coisas, quando me deparei com a primeira máxima filosófica que aplicaria a mim mesmo muitas vezes: Só sei que nada sei.
Para depois descobrir que este é um argumento falho, destituído de valor de verdade e fácil de ser refutado. Descobri que o mundo acadêmico é muito parecido com o mundo real, cheio de falhas, mas que os acertos ainda fazem valer o esforço. Aprendi porque existem professores e professores e porque que continuará assim por muito tempo...
            Descobri que posso melhorar sempre, que tenho coisas demais para aprender e tempo de menos para isto. Que há muita inutilidade nas teorias filosóficas, tanto quanto há em todo lugar: política, religião e qualquer outra área que se possa imaginar, e que continuará a ter, mas que se não houverem aqueles que ousarem pensar além, nunca se chegará a lugar algum. E por acreditar que podemos ir além, que se deve questionar, que mais do que respostas, as perguntas certas é que fazem a diferença...
            Aprendi que podemos ir muito além, que há muito ainda para se descobrir e que assim como existem muitas perguntas sem respostas, também existe muita gente sem rumo, sem direção, sem pensamento próprio e incapazes de sair da caixa, desprender-se do sistema e abandonar a manada...e que se depender de mim, eu quero chegar antes para sinalizar, para fazer pensar, para instigar e provocar emoções...


sábado, 1 de dezembro de 2018

Sobre os lírios dos campos...


         Tem dias que a gente é levado a ‘desanimar’, somos atribulados por tanta coisa, tanto sufoco que nem achamos mais a saída. No capítulo 6 de S. Mateus, fala da solicitude da vida, da ansiedade permanente que nos aflige...
            Todo dia nos deparamos com uma nova luta, uma nova demanda ou um novo desafio. Nossa incerteza quanto ao que virá é constante e ultimamente já sofremos sobre o ‘agora’, é aquela grana que não veio no dia que aquela cobrança veio. É a ‘blitz’ que veio antes de vir o dinheiro para pagar os documentos. É o salário que o governo parcelou, mas ‘esqueceu’ de aliviar nos impostos...
            Já não matamos o leão de cada dia, por ele estar protegido e só temos de tentar passar por ele da maneira que der...
            Nestes dias que converso com pessoas que sempre admirei pela sua garra e as vejo com as unhas cortadas, subjugados e perdendo a fé...
            Que vejo as guerreiras e guerreiros que pareciam não se dobrar, chorando em desespero, por ver as coisas piorarem, apesar da fé. Apesar de estarem fazendo seu melhor, sua parte e se dedicando, crendo, buscando e esperando...
            Nestas horas tento entender como olhar os lírios do campo (Mateus 6:28) se na verdade já nem lírios, nem campos existem mais...
            Aí sou levado a refletir: E se não houverem mais lírios?
            E se eu já estiver impossibilitado de os cultivar?
            Nestes momentos é que tenho que entender que ninguém disse que haveriam garantias, ninguém disse que haveria justiça e equidade, a única certeza que temos é que devemos seguir em frente, sem perder a esperança e ensinar aos outros sobre a beleza dos lírios e de como eles viviam nos campos, apenas confiando em Deus...
            Tenho que lembrar as pessoas que não importam as injustiças sofridas, a injustiça do mundo ou as escolhas mal feitas. A única coisa que realmente importa é decidir continuar HOJE, agora, e saber que mesmo que não existam estas garantias e esta justiça que desejamos, nós devemos ser a garantia e a esperança de que vale a pena continuar, seguir nadando, mesmo contra a maré e não desistir...
            E assim, nós mesmos, é que seremos os lírios do campo...


domingo, 25 de novembro de 2018

Sobre polegares para baixo..."pollice verso"

         Na Roma antiga, o Coliseu abrigou as batalhas sangrentas dos gladiadores, os cristãos (ou qualquer inimigo em potencial de Roma) lançados aos leões para divertir a turba, espetáculos ‘culturais e sociais’ regados à violência e ao entretenimento. O ponto alto do evento era ao fim da luta, o guerreiro vencido no chão, rendido pelo seu rival que aguardava de pé o ‘decreto’ do César, o ‘pollice verso’, o polegar virado, o polegar para baixo, decidindo pela morte do ‘derrotado’...
         Talvez os Césares tenham criado, sem imaginar, o ‘like ou dislike’ usados hoje nas redes sociais. Parece-me que hoje em dia, como se estivéssemos num imenso ‘coliseu’, cheios de pseudo césares, autonomeados, onde pessoas fazem de tudo para alcançarem alguns likes, fingem, dissimulam e editam a própria existência, numa grande fogueira das vaidades, onde sentamos em nossos tronos e ‘decidimos’ o que é bom e o que não é bom. O que é ou não belo. Dirimindo o que serve ou não, o que é digno ou não...

         Ignorando realidades e verdades, indiferentes ao esforço exaustivo de anos por filósofos e estudiosos que se dedicaram a definir o bom, entender o que é a felicidade, sem no entanto arrogarem para si qualquer êxito.  Pessoas sem expressão, sem simpatia ou conteúdo se assentam diante ‘do mundo’ para decidir o que ou quem presta ou não, mas que são capazes de qualquer atividade no mundo real. Dão receitas infalíveis, ensinam e julgam o seu semelhante sem medo, temor e por vezes até sem respeito algum...
         Pais querem ensinar filhos e filhas com posts, mandam ‘mensagem’ através de publicações, mas são incapazes de sentarem com os mesmos, olhar nos olhos e conversar sobre o que for preciso. Pessoas ‘oram’, ‘evangelizam’, ‘doutrinam’ e ‘divulgam correntes de ajuda’ para Deus e todo mundo, mas são incapazes de no mundo real elevar um pensamento de bondade ao próximo, uma atitude, uma palavra amiga ou ajudar de fato quem quer que seja...
         Enquanto sonhos são jogados aos leões, césares modernos julgam a vida de todos num mundo individualizado e mesquinho, criado com fotos editadas e ‘relacionamentos sérios’ que parecem piadas, mas que não tem receio de sentenciar seus semelhantes de forma impiedosa.

         Que o nosso olhar consiga ver a vida também através dos olhos daquele que está caído, derrotado, vencido pela vida e que busca com esperança a misericórdia daqueles que se assentam nos tronos da vida e que precisa, além de um polegar para cima, uma mão estendida e um braço que o sustente, para que possa se erguer uma vez mais...


quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ativismo de perfil ou sobre a próxima #


            Ultimamente tenho preferido ficar em silêncio sobre diversas questões, não por não haver o que dizer, mas sim pela sensação de que não adianta refletir. Temos visto um tal ponto de extremismo polarizado que de nada serviria falar ou escrever qualquer coisa.
         Pode até parecer omissão, mas está mais para um preferir a paz. Vi um ‘post’ outro dia que dizia que as pessoas não querem a sua opinião, o que elas querem é ouvir a opinião delas saindo da sua boca...

         E este é o ponto, há hoje uma total inaptidão para o debate, pois preferem o embate. Há um não querer ouvir, compreender ou refletir. Fazem alguns anos que tenho me reconstruído constantemente, me permito rever conceitos, se preciso volto atrás, peço desculpas, mudo a direção ou recomeço. Mas percebo uma crescente onde de infantilização, pois as pessoas não amadurecem mais, são intransigentes e obstinadas. Tomam ‘suas verdades’ como verdades absolutas e acreditam no que querem, mas isto não basta, é preciso ‘catequizar’ outros e o respeito ao diferente é cada dia mais distante...
         Os segmentários se multiplicam e o fracionamento da sociedade se torna fundamentalista e polarizado, incapacitando qualquer diálogo entre contrários, compreendendo-se tudo como oposição. Não há entendimento ou compreensão, e o pior é que nem mesmo há disposição para isto.
         Como se estivéssemos em franca regressão, andamos para trás, como se nos desassociássemos, fazendo o caminho oposto ao dos primórdios da construção das primeiras aldeias e cidades, onde a busca do bem comum fazia com que a humanidade buscasse a socialização. Na contramão da história, em pleno advento das redes sociais, percebemos a nossa imaturidade para as mesmas. Como se não estivéssemos prontos para as redes sociais, deixamos de lado o convívio social real pelo virtual. Então gente que nunca lutou por nada na ‘vida real’ se torna ativista engajado nas redes sociais, na facilidade da virtualidade em detrimento da luta real, na vida de fato, pelo bem de todos e não pelo seu conforto pessoal.
         Onde quem, como eu já fiz, ao fazer um ato público e movimentar estudantes em luta pela escola pública, fica olhando gente ‘lutando’ por uma causa diferente de acordo com o tema de perfil disponível, desde que o ‘wi-fi’ permita e não atrapalhe o horário da próxima série da Netflix...

domingo, 14 de outubro de 2018

O Jardim da casa velha...


         Hoje vi uma cena que me chamou a atenção, passei em frente de uma casa muito velha, quase em abandono, com suas tábuas apodrecidas, já sem tinta, realmente num estado deplorável. Mas que em seu pátio, diante da casa uma pessoa, uma mulher se esforçava por cultivar um jardim, mais especificamente, cuidava de um canteiro onde havia algumas roseiras, que eram o alvo de seu esforço. Imediatamente fui provocado a uma reflexão e lembrei-me uma frase de uma música que diz: “são tantas violetas velhas, sem um colibri”...
         E talvez você se pergunte no que há demais nesta cena e te digo que talvez nem haja coisa alguma, mas como temos tentado cuidar da casa, arrumando diversas coisas e isto me levou a questionar em o porquê de não se cuidar da casa, em de que adiantaria cuidar das rosas?
         Claro que lembrei de Exupéry, e no quanto o tempo gasto com uma rosa faz dela tão importante, mas o que de fato me moveu o pensar foi em o quanto deixamos de lado nossa casa, seja no sentido figurado, pensando no nosso habitáculo terreno, o corpo, seja no deixar de lado nossa morada, nosso lar, nossa família, sem perceber a sua deterioração, sem considerar a necessidade de cuidado...
         Muitos de nós a deixamos de lado pelo trabalho, pela igreja, pelos ideais ‘superiores’, pela nossa falta de tempo e por vezes de interesse. Muitos de nós achamos que ela é forte, foi bem feita e suportará nossos desmandos e nosso desmazelo para com ela, e aqui não importa se você refletir comigo pensando na sua casa, na sua família ou sobre seu próprio corpo, mas sim na necessidade da reflexão sobre o que estamos fazendo e se não estaremos como aquela mulher a embelezar o que desvanece, florir a destruição e o desgaste, inutilmente e sem que haja sentido?
         Claro que há um quê de romantismo e até de idealismo, talvez alguém veja uma ação ambientalista na cena, mas e se houvesse na verdade um tipo de fuga, um não ver a realidade, de não compreender que o tempo passou e as coisas foram se perdendo, como um mendigo todo sujo e esfarrapado que ajeita a gravata ao se levantar.
         Quantos de nós vivem tentando plantar rosas na casa velha?


domingo, 30 de setembro de 2018

Discordar, concordar e acordar


                   Discordar...
            Em alguns momentos da vida discordamos de coisas de forma veemente e achamos que jamais mudaremos de opinião ou de perspectiva. Somos sabedores que é da dúvida que nasce a sabedoria e como já disse alguém ‘só os tolos tem certeza absoluta’. Já fui um homem de certezas absolutas e convicções ferrenhas, hoje sei que há mais cinza do que ‘preto no branco’ e que a vida, a existência tem mais lusco fusco do que claridade e que como já disse o poeta ‘holofotes nos meus olhos cegam mais do que iluminam’...
            Saber discordar com elegância e nobreza é uma arte a ser aprendida. Afinal a crítica é mais fácil que a solução e tenho para mim que quase todo crítico é de alguma forma um frustrado. O crítico de cinema quase sempre é um ator ou roteirista que não deu muito certo, assim como o crítico de música jamais compôs algo de valor...

              Concordar...
            Por isto resolvi refletir sobre isto, ao ver que no fim pessoas que critiquei me estenderam a mão, quando vi que gente que já ajudei me esqueceu profissionalmente. Percebi que preciso ser maior e mais nobre para evoluir e que precisamos acordar. Acordar no sentido de abrir os olhos e começar a viver, agir, fazer e mudar. Mas também acordar no sentido de entrar em acordo, trabalhar junto, se unir em prol de algo, em favor do todo...
         Sei que não podemos dar de ombros e fazer vistas grossas ao que está errado, nem aprovar a corrupção ou a incompetência, mas entender que nem tudo é bem como parece e avaliar de longe é leviandade, julgar sem somar e ter empatia é ser mesquinho e demagogo.
         Hoje se abre diante de mim uma oportunidade de crescer e aprender, de somar e cooperar, por isto pretendo fazer o meu melhor. Praticar o discurso que sempre proferi sobre minha admiração por cidades como Gramado, Canela, Dois Irmãos e outras da serra e entorno, que tem na cidade seu bem comum e por isto, mesmo divergindo no pleito, depois agregam pessoas que sabem, querem e estão preparadas para dar o seu máximo.
         Acordar...
         Quero ver uma cidade melhor de se viver, agregar da melhor maneira possível em um contexto tão desfavorável no cenário político em geral. Mas nutro a esperança de que muitos se juntem neste pensamento de dizer o que posso fazer ao invés de apontar o que está errado, ou melhor, fazer a pergunta crucial: E eu o que estou fazendo pela minha cidade?
         Se reclamo da corrupção, tenho sido cem por cento honesto e justo? Quem fura a fila não pode reclamar, quem joga lixo na rua não pode reclamar da coleta, quem não respeita as leis de trânsito, o código de postura municipal ou qualquer lei, pode criticar algo? Quem tem preguiça de andar uma quadra ou duas para o trabalho pode reclamar da falta de lugares para estacionar?
O que estamos fazendo de fato?

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A gente nem percebeu...(por ti amigo)


        A gente nem percebeu que havia angustia, que havia dor e nem que havia limites prestes a serem alcançados. A gente nem percebeu que havia palavras guardadas, traumas ou ‘sufoco’ que acabou por sufocar...
        A gente nem se deu conta que tinhas decidido nem o que havia por decidir. Não se viu que o sorriso talvez fosse reflexo do riso de outrora, ou quem sabe apenas efeito de nossa moda de ‘selfie’ que gera-se sorriso para qualquer celular ou câmera, mesmo quando não existem motivos para sorrir...
        A gente nem percebe ou se dá conta por estarmos tão atentos aos problemas das redes sociais e nem mais lembramos de ‘ligar’, ‘visitar’ ou simplesmente abraçar. Vivemos no tempo que o abraço não precisa mais de braço nem de gente, mas apenas do ‘a’, do ‘b’ e do ‘c’ unidos, abraçados num ‘abc’ num comentário qualquer...
        A gente não percebe porque não vamos mais do ‘níver da Luzi’, não sentamos no ‘redondo’, não ficamos mais na ‘escada do clube’ conversando por horas. Não tivemos mais tempo para colher ‘macela’ na sexta-feira santa, nem de acampar na ponte de arame e ali fazer o nosso protesto ‘paz e amor’, consternados com a morte do ‘John Lennon’, ‘pichando’ tudo lá com carvão vegetal para as vindouras gerações saberem, mas que sumiu na primeira chuva...
        Eu não percebi e tu não falou, infelizmente, justo a gente que conversou por horas e horas durante muitos anos, cantando as músicas juntos na praça, perto do antigo fórum e éramos felizes mesmo sem saber...
        A gente não percebeu e não se falou, mesmo quando se pode falar e ver pessoas do outro lado do mundo direto de nosso celular, justo nós que já trocamos cartas, usamos fichas e cartões em orelhões e até tínhamos que ir na CRT pedir uma ligação...
        O mundo ficou pequeno e conectado, mas as paredes nos sufocaram até te tirarem a vida...
        Eu não sei o que passava na tua cabeça, ninguém sabe e ninguém sabe o que vai na cabeça de ninguém, muitas vezes nem importa... Até que não adianta mais, até a gente perder alguém e só então compreender que a depressão é silenciosa (...vem de repente um anjo triste perto de mim...). E daí se compreende que não é preciso compreender, mas apenas amar. Que a morte, o suicídio é real, que atinge gente que a gente ama e nem percebe que está determinando dentro de si partir...
        No mês de combate ao suicídio eu perco um dos meus melhores e mais antigos amigos e então eu vejo que há muito por fazer, muito por conversar, muito por combater...
        “See you later, my old friend”


terça-feira, 11 de setembro de 2018

Apenas uma boa ideia...


            A jornada é longa, demasiadamente longa, mas a gente nem percebe que já andou tanto, não fosse o cansaço, as rugas e os cabelos brancos. O peso do corpo, o peso da mente e o peso da vida...
         Então a reflexão se faz necessária, as medidas são inevitáveis. Medimos o tempo gasto até aqui, o que se fez, o que se deixou de fazer. Medimos os êxitos e os fracassos, medimos nosso intelecto, nossa possível sabedoria e a nossa parca experiência, o que aprendemos e o que talvez de alguma forma tenhamos ensinado. Contabilizamos amigos conquistados e perdidos, contabilizamos também decepções e gratas surpresas.
         Terminar meio século é algo um tanto estranho, principalmente ao perceber-se que tão pouco se sabe e o tanto que ainda há para aprender e conhecer. Tanta vida por viver, pouco tempo para tanto, menos pela frente, mais deixado para trás...
         Percebemos então que muitas vezes não éramos parte daquilo que nem percebíamos a participação havíamos marcado de forma intensa. Deixamos impressões, boas e más, marcamos pessoas sem nem mesmo saber que o fazíamos e para alguns que achávamos haver marcado, nada significávamos e nem significaríamos. Perdemos tempo com pessoas ingratas e não gastamos as horas necessárias com pessoas que valiam mais que tudo, filhos e filhas, mães e pais que nem percebemos deixar de lado inúmeras vezes...
         Neste momento, ao virar do calendário, espero ainda fazer mais, muito mais que possa haver feito até aqui. Que a maturidade chegue enfim e traga junto a ela um pouco de sabedoria, um tanto novo de fé, calma e paz necessárias...
         Que possa vivenciar este amor com o qual fui contemplado já tardiamente, renovado do passado, vivenciado no hoje e eternizado em nós...
         Hoje, após as inúmeras mensagens inesperadas, outras sempre presentes e algumas tão esperadas que não vieram, me ponho a pensar nesta vida tão estranha, nas reações tão inusitadas que sempre temos e neste tempo tão difuso, tão fugaz e tão efêmero. Nesta nossa trajetória cheia de percalços e neste existir tão complicado e me pergunto no que se esta fazendo aqui, até onde iremos neste mundo mordaz e indiferente, quando afinal faremos algo de fato importante e pelo que seremos lembrados?
         Espero, sinceramente o ser pelo que sou e apenas pelo que fui aqui e simplesmente por isto... Que quem lembrar seja pelo simples fato de eu ser eu mesmo, como sempre fui...


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Apenas espero...


         Espero um dia conseguir ver um país mais justo, mais humano e mais altruísta. Espero um dia termos empregos dignos e salários compatíveis com estes empregos...
         Espero um dia merecer fazer parte dos feeds dos álbuns de família de meus filhos, ser visto como sou e aceito depois de haver falhado como aceito quem já falhou comigo...
         Espero um dia não causar desconforto ou parecer ser uma ameaça por causa de algum talento e ser admirado por estes talentos (se houverem) assim como prezo as habilidades dos outros...
         Espero um dia ser lembrado por aqueles que ajudei a conseguirem uma oportunidade (alguns mais de uma vez) quando tanto careço de uma...
         Espero que minhas capacidades não sejam obstáculos e sim bênçãos para serem desfrutadas...
         Espero um dia que meus amigos me procurem e se importem comigo tanto quanto já o fiz por eles...
         Espero que minhas palavras sejam mais úteis do que bonitas e que possam ser usadas e que as pessoas que tanto quero bem percebam o quanto preciso de seus quereres...
         Espero que o amor e a fé que acredito sejam o veio principal da existência de muitas pessoas e não apenas palavras repetidas que enchem as bocas de pessoas de coração vazio...
         Espero que não me achem tão forte, capaz ou talentoso ao ponto de esperarem que eu sempre consiga, faça ou suporte tudo o que me é cobrado...
         Espero que um dia vejam as coisas que escrevo, as palavras que falo, meus desenhos, pinturas, dramaturgia e arte que tento expressar como parte de mim, do que sou e do que carrego...
         Espero de todo meu coração que um dia eu não espere nada, não por ter perdido a esperança, mas sim por ter conseguido de alguma forma alguma destas coisas...


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Infelizmente chegou tarde...sobre o Museu Nacional


         Todos os dias ouvimos algo sobre alguém que se atrasou, que perdeu um ônibus, uma prova ou uma oportunidade. Sempre tememos deixar coisas por fazer, pessoas por valorizar ou afetos por demonstrar Todos sabemos que não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje...
         Quando surgem quinze milhões para restaurar o museu, um dia após a destruição do mesmo, se ouve a ‘autoridade responsável’ dizer que:
         - Infelizmente, chegou tarde...
         A gente é obrigado a refletir no porque de chegar tarde, em como se deixa as coisas e as pessoas ficarem para depois e chegarem tarde os recursos, as providências, as atitudes e as soluções. Deixamos de lutar pelos nossos sonhos, deixamos para mais tarde ou para amanhã a luta contra o vício, a busca pela justiça e o enfrentamento necessário, quando não há mais o que fazer para resolver o problema...
         Deixamos para mais tarde as palavras necessárias, as atitudes tão vitais e as ações que deviam ser inadiáveis...
         E aí acabamos por dizer, com os olhos baixos: Infelizmente chegou tarde...
         ...os recursos para salvaguardar o patrimônio e proteger a história, mas não chegou tarde a verba partidária (esta chega antes)...
         ...a verba para a saúde não chega, mas a para a propaganda eleitoral chegou antes...
         ...o medicamento, a doação de órgão ou de sangue não veio a tempo, mas o desvio para a corrupção e o enriquecimento ilícito não se consegue contar...
         A gente celebra a recuperação de um bilhão e esquece que foram roubados 10 trilhões, que nunca chegarão para o museu, nem para o hospital, nem para a educação e nem para nada daquilo que realmente é muito mais importante...
         Agora (neste exato momento que escrevo) todos eles (candidatos e candidatas) vão priorizar os museus que não priorizaram quando em seus cargos.
Hoje, todo mundo se importa com a história e com os artefatos e fósseis, mas não deixam de depredar o patrimônio público e nem mesmo tem o bom senso de tentar saber a historia real e verdadeira de seu próprio povo...
Amanhã muitos mudarão seus perfis e serão quase formados em museologia de tanto que ‘se importam’ com o museu, mas amanhã ou depois serão ferrenhos defensores de alguma outra coisa da qual nem mesmo se importam de fato...
Talvez a possível destruição do crânio de “Luzia” venha a servir de alguma forma para que a nossa mente se abra para a necessidade de se importar com as pessoas e as coisas que realmente importa enquanto ainda não é tarde demais para qualquer reparação...


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Capaz demais?


            Hoje mais uma vez ouvi de um possível empregador: sei da tua capacidade e por isto não posso desperdiçar o teu talento em qualquer coisa...
            O desemprego é algo difícil e que assola milhões de brasileiros, eu sei, tenho enfrentado ele há algum tempo. Recebo excelentes avaliações em testes psicológicos, elogios e promessas. Mas na hora de conseguir uma vaga: nada. Não adianta dizer que aceito qualquer vaga, qualquer função e qualquer salário. Aí a gente sente como se um bom currículo não bastasse, como se competência não bastasse. Parece que é preferível que não se pense, que não se tenha capacidade...

            No entanto, a cada lugar que se entra, em cada repartição, estabelecimento ou balcão somos atendidos por pessoas indiferentes e limitadas. Onde se vai fazer um documento, em plena era digital e funcionários fazem fotos ridículas e mal batidas para identidades e habilitações que carregaremos por anos, pelo simples fato de fazerem com má vontade. Percebemos nitidamente a preferência pelo ‘limitado’ pelo medo de perder o lugar. Num tempo que atendentes de balcão não conseguem responder perguntas básicas e são incapazes de pelo menos ‘tentar’ ser simpáticos. Somos atendidos pelo carro ou pela roupa que dispomos ou pela indicação de alguém. Quase nada é feito para nós, por nós simplesmente, independentemente de quem sejamos...
            Então num tempo de um circo de horrores, chamado de eleições, onde os palhaços estão mais para “It, a coisa”, alimentados pelo nosso medo de pensar e de enfrentar tanta ‘calhordagem’ e patifaria juntas. Ao ponto de não importar mais nada, nem ninguém além do egoísta ponto de vista de cada um. Ao ouvir que eu ser ‘culto’ me desabona para tarefas mais simples, compreendo que a sociedade adoece por esta mentalidade, onde a humildade é desvalorizada pelo espírito egocêntrico que impera e a ‘ignorância’ estimada pela facilidade do controle, quando na verdade é esta ignorância (que vem de ignorar, não querer saber e não de ter pouco estudo) que causa esta situação que se vive. Onde se prefere a música (entenda-se batidão e me perdoem os músicos) no volume máximo para não ser necessário nenhum tipo de diálogo (até por haver uma incapacidade para tal) e não só a erotização de tudo, mas pior a alienação de tudo e de todos num futuro próximo...
            Que possamos rever nossos conceitos e pontos de vista, que desejemos gente mais capaz, mais gentil e agradável, que tenha o que dizer, que saiba conversar e argumentar. E que paremos de mudar o perfil na rede social apoiando causas quando nem se faz tarefas básicas do dia a dia, apoiando e amando tudo quanto esta longe e sendo indiferentes aos nossos entes mais próximos e cotidianos. Que se pare de prometer e se cumpra mais, de idealizar e se realize mais...
            Que não cheguem os dias onde a impessoalidade nos leve para uma total apatia e parasitismo e que ler volte a ser importante e capacidade seja o ponto principal para vagas serem ocupadas, sejam em empregos, sejam em cargos eletivos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Além de mim (Ariel)


Além de mim
Já te vejo além-mar, além das fronteiras
Transpassando meu peito,
 mas conquistando o mundo...ou parte dele
Já não vejo tua linda face, senão na 'selfie' risonha...ou na parede do quarto
Já partistes, já seguistes e segues no meu futuro, 
além de mim treze horas, mas ainda assim tens meu passado 
e és meu maior presente...
Escrevo-te, desde antes de nasceres, percebi todos teus primeiros 'fazeres' 
e agora trilhas muito mais longe, num caminho novo, ‘australiano’, imigrante, cidadão do cosmos...

Na tua própria “Ítaca” recém descoberta, milenar, incomparável, ainda mais contigo aí... 
aprendendo ‘suas línguas’, conjugando seus verbos nos diversos idiomas, mas todos dominados por aqueles que falam a linguagem do coração, dos olhos e da alma, assim como tu, meu filho, que caminhas muito além de tudo aquilo que meus pés já pisaram ou que meus olhos contemplaram, 
muito além de mim, mas sempre dentro do meu coração...


domingo, 5 de agosto de 2018

Sobre o que temos e o que somos...


         Eventualmente somos atingidos em cheio por alguma coisa que nos falam. Por vezes uma simples afirmação ou uma singela mensagem podem tanto nos derrubar como fazer a vida toda fazer sentido. Esta semana recebi uma mensagem do meu filho que me fez ter tantas respostas e tanto acalento que não tenho como mensurar...
         “O nosso tempo é diferente do tempo do universo. Sei que tá difícil e que parece que não vai passar. Sei o quanto tu tem ti esforçado... Por favor, continua assim! Tenho muito mais orgulho e vontade de me espelhar em ti por tu nunca desistir, do que pelo fato de tu ter algo. Te amo.”
         Quando se enfrentou tanta coisa quanto eu tenho enfrentado nos últimos anos, quando se está numa situação de desemprego e de quase se duvidar das próprias capacidades, ler isto faz toda uma diferença, principalmente num tempo de ‘desvalorização’ do ser e supervalorização do ‘ter’...
         Compreendermos que nada do que temos ou aparentamos ter define o que somos. Um bom carro, casa, emprego, salário não fazem uma pessoa boa. Em tempos de ingratidão e de pais e mães ‘caixa eletrônico’ e filhos que consideram ‘obrigação’ dos pais o suprimento de suas ‘vontades’ e não das necessidades. Onde pessoas acham que por terem sido postos no mundo receberam um cartão de crédito ilimitado e ‘exigem’ tudo e mais um pouco, realmente é algo de valor inestimável receber tal afirmação...
         O que quero refletir e fomentar a reflexão é de o que realmente somos? No que temos nos tornado e que tipo de relacionamentos estamos construindo? E isto não só em termos de pais e filhos, mas nos mais diversos tipos de relacionamentos, onde as pessoas se aproximam e permanecem perto apenas de quem tem ‘algo para dar’. Onde religiões que tem nas suas fundamentações a ideia de ‘não ter nem ouro nem prata’ se relacionam uns com os outros, e ainda pior, com o próprio Deus, na base do que podem receber, do que podem ganhar com isto...
         Isto me levou a uma oração de agradecimento por tudo, pelo emprego que não veio e pelos que se foram, pela grana que não entrou e pela que já se foi, pelos benefícios, ajudas e restituições que não vieram e por tudo aquilo que não havia para mim. Tudo aquilo que não ganhei, não recebi e não consegui. E compreendi que Deus, a Vida, o Universo já me deram o espírito, a força e a eternidade intrinsecamente por todo o tempo. E que quem realmente me importa é assim mesmo, não precisam ter nada para que sejam importantes para mim.
         Pelo que somos importantes? O que realmente importa além disto?
         SEJA, por mais que você venha a ter...


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Falacias, construção e gratidão...


         Mais uma etapa se encerra, terceiro semestre, sete cadeiras, um AVCH e uns dois isquêmicos, uma passagem de três meses numa empresa que gostaria de ter ficado, onde conheci bons amigos e um voluntariado, novos alunos, desemprego, benefício negado do INSS e a luta diária de se estar vivo...
         Lamentar, não, de forma alguma!

         A construção do conhecimento é algo complexo, o pensamento de hoje em dia requer que estejamos sempre aprendendo, crescendo evoluindo. Conhecer através da experiência, entender a ideia de Hume em sua explicação das impressões é neste momento amparar o cognitivo na vivência. É hoje em dia, de certa forma já não ter mais muita paciência com falácias vindas das tribunas, palanques ou mesmo de púlpitos.
         Já não tolerar nenhum ‘déjà vu’ de situações já descartadas, como aquelas mesmas paisagens encontradas ao se perceber estar perdido, andando em círculos, nos guetos da humanidade desumana, que discursa suas ‘verdades’ ouvidas, mas não praticadas, com soluções infalíveis para todos, mas que nunca são utilizadas pelo arauto...
         É compreender um pouco o enfado de Salomão no celebre discurso das vaidades, não por se achar sábio, mas por perceber que é mesmo deste jeito que a maioria vive e que não adianta nada querer compartilhar um pouco de conhecimento com quem não quer, pois seria dar pérolas aos porcos...
         É perceber que o melhor mestre é mais humilde e que o altivo só tem informação e ego inflado, sendo esta uma boa dica de como ser um bom professor no futuro...
         E é também se alegrar com a esposa, amiga, parceira e colega ao terminarmos esta etapa, depois de termos enfrentado isto tudo, com sorrisos com gosto de lágrimas de vitória, sabendo que daqui alguns dias vamos selar esta união em definitivo partilhando um nome da ‘moderna’ para sempre...

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Amigos ou AMIGO?


         Sei que fazem dia de tudo, comercialmente talvez tenha alguma finalidade, mas a maioria dos dias celebrados, é de certa forma uma injustiça, afinal dizer que o dia das mães, ou das crianças é tal é esquecer que todos os dias são importantes. Hoje é o dia do amigo, palavra de pouco significa real neste mundo turbulento e egocêntrico.
         Amigo, de fato é todo dia, é para todas as horas e fundamentalmente nem precisa estar para ser, pois estiveram quando era pertinente estar, num momento em que só havia eles por perto. Hoje nos tempos de ‘web’ chamamos de amigos gente que nem nos cumprimenta na rua, o são apenas virtualmente, na vida real sequer são conhecidos.
         A amizade é algo cultivado por alguém cativado, ou algo cativante por alguém ‘cultivável’. Mas num mundo sem valores como o respeito e a fidelidade, a honra e a abnegação, a gentileza e a humildade, essenciais para uma boa amizade, dificilmente se tem amigos. Se ouve pessoas dizerem: oi ‘amigaaa’ e já se sabe que é algo falso, irônico e até sarcástico da parte de quem fala, talvez de quem ouve também.
         Amizade é o nível mais alto para o Cristo, mas é algo desconhecido dos religiosos. Amizade é empatia, um amigo não rompe amizade quando está numa ‘ruim’ e muito menos quando se está numa ‘ótima’. Não se nutri inveja nem se despreza, amigo é e ponto. Não se ‘escandaliza’, nem se julga, apenas se compreende, se ampara.
         Se realmente quer comemorar este dia, faça uma lista pequena, ou mesmo grande se conseguir, daquelas pessoas que realmente são seus amigos, e se proponha a revê-los ou mandar algo para fomentar estes laços tão raros e aí então feliz Dia do Amigo, hoje e a cada dia...

quarta-feira, 18 de julho de 2018

A insustentável 'dureza' do "SE"...ou se e somente se...


         Muitas vezes já ouvi e também já falei algo do tipo: “Se eu tivesse...”
         Normalmente, mas principalmente quando estamos diante de impasses ou de um fracasso, revés e conflitos. Pontuamos os momentos onde ‘acreditamos’ ter errado: Se eu tivesse ido até o fim...Se tivesse feito tal curso...ido para tal lugar...dito aquilo, feito aquilo outro...
         Também gostamos de aconselhar em termos de se você tivesse...
         Já escrevi algo sobre isto há alguns anos, mas hoje enriquecendo a questão, gostaria de te convidar a pensar racionalmente, ou melhor ‘logicamente’ sobretudo do que você já pontuou com um ‘SE’.
         Muitos acreditam que a vida não é tão “matemática ou lógica” assim, e de fato não é. Há um infindável número de variantes (por vezes desvairadas) no viver, existir e coexistir que nos leva para uma impossibilidade de controle de muitas coisas. Não podemos controlar a corrupção dos ‘poderes’, as loucuras dos governantes, as mentes criminosas, as intempéries do clima, as escolhas dos outros e a irresponsabilidade de imprudentes no trânsito entre outras tantas coisas.
         Mas podemos controlar nossas escolhas e reações diante de nossos erros ou acertos. Podemos estancar o sofrimento sobre o que não aconteceu. Aplicar conectivos lógicos é uma maneira interessante de contornar arrependimentos recorrentes e lamentações agudas. São cinco apenas: ‘Não’, ‘e’, ‘ou’, ‘então’ e o ‘se e somente se’. Este último motivador deste texto. Sofremos menos se compreendemos que a vida passada é assim, não há o que fazer, o ‘se’ só existe como ponderação anterior de alguma decisão (se eu mudar para outro país, ficarei longe de pessoas amadas, mas se ficar com estas pessoas não irei para lá). Tão logo que a decisão for tomada já não existe a opção anterior, não há o que lamentar.
         Se e somente se eu fizer tal coisa, acontecerá o resultado esperado, simples assim. Seguindo a linha lógica a vida é um sucessão de isto E aquilo, isto OU aquilo, isto ENTÃO aquilo, NÃO isto ou SE E SOMENTE SE eu agir terei o resultado que desejo...
         Fora isto é apenas lamento e arrependimento...



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