sábado, 12 de novembro de 2016

Meu nome é...



         Nunca fui nenhum Rei de Espadas, não brado lanças, não forjo armas nem preparo guerras. Tampouco fui algum Rei de Paus, fechado, arquitetando maquiavelicamente golpes ou levantes, sempre pronto a ofender.
         Jamais fui Rei de Ouros, nunca guardei riquezas ou tesouros, nem mesmo os persegui. Já julgaram que pudesse ser um Rei de Copas, que se guia pelo coração, mas não os vejo assim, acredito que estão mais para introspectivos e silenciosos, coisa que não aprendi a ser.


         Não sou valete, nem dama e minha numeração e naipe sempre me foram confusos, nem, de forma alguma eu sou ou fui um “Ás” de qualquer tipo.
         Então depois de muito me sentir “uma carta fora do baralho”, um que discorda, que não se acomoda, que incomoda e perturba. Só então percebi a carta que restava.


         Posso ser todos os outros e nenhum. Completo o jogo, preencho a sequência. Mudo de naipe e de valor conforme quem está do meu lado, sem deixar de ser eu mesmo.
         Por isso sorrio o tempo todo, por isto danço. Não estou envelopado em roupas pomposas, não preciso ostentar e nem fingir. Sou o que sou e o meu valor eu mesmo que sei. Mudo o jogo, defino ele e mesmo assim alguns acham que não tenho valor.
         Alguns se acham melhores e dizem que se eu entro eu sujo o jogo, mas na verdade sofrem porque queriam ser como eu, livre!
         Sou o único que pode fazer o que todos fazem, mas ninguém pode ocupar o meu lugar. Meu nome?
         Eu sou o coringa do baralho no jogo desta vida.


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