sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Para quem sabe de cavernas e aguarda por nuvens




            E então a gente se encontra encolhido, segurando os joelhos, querendo sumir, achando que Deus se esqueceu de nós.


            Não vou gastar tempo com explicações, mas aos que não conhecem os detalhes é só ler 1 Reis 17 em diante.
            Chega um tempo em que os corvos somem, o ribeiro seca e o suprimento vai embora. A maioria das analogias é clara na questão de que chegou a hora de seguir em frente, passar de fase e ir para a próxima etapa da vida.


            Na minha vida muitas vezes me vi diante desta situação, buscando onde poder frutificar e cumprir minha missão. Mas as portas vão se fechando, as dificuldades nos encontram e quase nos sufocam. As ondas e os ventos quase viram o nosso barquinho e a gente teme, com uma fé pequena e vacilante.
            A viúva que sempre esteve presente já partiu há tempo. Manteve a farinha e o azeite sempre transbordantes, teve este filho morto e recuperado da morte.
            Sei que alguns estão pensando que estou fazendo uma analogia com o profeta Elias, e que quem eu penso que sou. Mas não, Elias está muito além, porém é sabido que todo ‘homem de Deus’ passa por seus reveses e que hora falamos, hora profetizamos. Alguns dizem que sou um homem de Deus, mas às vezes nem sei se sou um homem de fé, de tantos erros que já cometi.


            Depois que findaram todos os meios de Elias, depois que findam todos nossos meios e nossos recursos. Depois de três anos e meio de uma seca anunciada, onde o Eterno me manteve, nem sei bem como, mas sei que a viúva foi decisiva e não me faltaram corvos para me trazer um bocado de carne, e o ribeiro saciou minha sede sempre. Sei que ontem o anjo apareceu, sei que me alimentou, mas hoje fiquei o dia olhando o horizonte precisando ver uma pequena nuvem. Na maioria das vezes a gente só precisa de uma pequena nuvem para saber que a chuva virá.


            Sei bem que ali adiante os inimigos serão envergonhados, o fogo vai descer do céu e os opositores serão vencidos. Sei bem que vou comer o pão do céu e que quem sabe até suba em uma carruagem de fogo. Mas hoje só preciso de uma pequena nuvem.


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