sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sobre sepulturas, ostentação e hipocrisia...



            Simetricamente bem alinhado, impecavelmente pintadas as suas paredes, belas em cada detalhe. Qualquer um que observasse a pequena construção diria se tratar de algo nobre e de valor inestimável. Todas, lado a lado muito bem colocadas, azulejadas ou marmorizadas, outras até com adornos de cobre, zinco e até bronze.
            Mas é no seu interior que estava o problema (como sempre), um festival de destruição, vermes devorando os restos de carne putrefata, já denunciando ossos e entranhas, algo que jamais se pensaria se tratar do Sr. Fulano de tal ou da Excelentíssima Senhora ‘como era mesmo o nome?’. Aquilo não parecia, não poderiam serem ‘eles’.


            Ei Zé, tá louco? Não meus queridos leitores, estava descrevendo sepulturas por fora e por dentro. Do mesmo modo, muitas pessoas andam assim: Alinhadas por fora, podres por dentro.
       Descrever um cemitério não é agradável eu sei, mas foi a melhor alegoria que encontrei para o que queria trazer hoje. Cada dia mais as pessoas ‘ostentam’ realidades surreais que só existem em suas mentes doentes.
       A ‘autoimagem’ nem sempre é real, muitas vezes achamos ‘ser’ isto ou aquilo, mas na verdade somos rasos, limitados e medíocres. Não percebemos nossa pobreza de espírito e de alma. Muitos se auto intitulam muitas coisas, mas não dão conta do básico de suas vidas, querem ganhar o mundo e perdem suas famílias, querem ser grandes diante das pessoas mas não conseguem enxergar nada, mesmo que esteja diante de seus olhos.

       Não serão roupas, nem posses, nem estilos, nem linguagens ou tribos que eternizarão qualquer coisa, o Eterno não precisa de ‘tipos’, com aparência de espiritualidade ou sabedoria. Nada, absolutamente nada que não vier da essência do Amor terá qualquer valor para o ‘sempre’.
       Que Deus nos dê mais pessoas simples e autenticas em tudo. Que falem a verdade e não as suas verdades, e que o amor não seja apenas falado, mas sim praticado em cada atitude, por mais simples que seja.
       Porque de nós, no fim desta peregrinação, não levamos nada, seja o que for, se for material ficará, quem sabe uma lápide apenas...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Sobre amar e sobre amores...

Em duas célebres explicações de amor, de amizade, estas me encantam... Michel de Montaigne ao dar conta sobre sua amizade com Étienne de La ...