Sempre quis chegar antes para sinalizar, como na música “Esquadros”
da Adriana Calcanhoto. Sempre tive este desejo, ajudar, tentar fazer com que as
pessoas não caíssem onde já caí um dia.
Não me importava muito o ter caído, se, de alguma forma,
eu pudesse evitar sofrimento aos outros. Já sofri, muitas vezes calado, sem ninguém
saber. Os que achavam que sabiam das minhas dores, nem imaginavam que falo
apenas das pequenas coisas, as grandes eu sofro quieto.
Tentei de todas as formas pagar o preço, carregar o fardo
e aliviar a dor. Mas percebi que não consigo. A única coisa que consigo são
caras fechadas. De tantos sim que dou, meu não nunca é aceito.
Então a gente percebe estar lutando sozinho, em uma
guerra que por vezes nem é a nossa. E ninguém se apercebe o quanto estamos
sufocados, por nos acharem fortes, nos colocam mais e mais fardos. Sei que nem
percebem, afinal sempre estamos ali.
E o nosso olhar terno se esvai, nosso ânimo perde o
vigor, nosso braço perde o abraço, porque nos queimamos, nós nos gastamos
demais até não termos nada mais, nem mesmo para nós mesmos.
Sei que dizem que o maior diamante por vezes está ali, na
próxima ação, no próximo golpe, mas e se não estiver?
E se nosso cansaço nunca for recompensado?
E se sempre esperarem mais e mais, até não haver mais
nada?
Hoje só peço a Deus, que meu braço seja firme no escudo,
mas que Ele entenda que minha espada está gasta. Que meus joelhos sejam fortes
para em prece aguardar enquanto os pés descansam da caminhada.
E que em meus olhos marejados uma vez mais, ainda haja
esperança. E se a visão está turva eu saiba parar e esperar o tempo abrir e o
olhar incendiar outra vez. E que ele sopre no meu coração para que, quem sabe,
a chama volte a arder, mesmo abaixo dos baldes de água fria do dia a dia.
E que de alguma forma, seja qual for, Ele me responda,
mesmo que seja com um não.
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