segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Sobre 'quem se importa?' ou a calma que mereço...



         De uma hora para a outra a gente acorda, não por estar dormindo, mas por estar esperando que algo mude. Daí a gente percebe que não pode mudar o mundo, nem a visão das pessoas e muito menos os mundos que cada um criou.
         Nesta hora só se pode avaliar o quanto ainda podemos caminhar, o quanto suportaremos. Percebi nos últimos dias que eu não sou tão importante como pensava ser. Talvez seja assim, erramos na avaliação, pensamos que é pertinente o que dizemos e o que escrevemos. Pensamos que as pessoas querem realmente que tenhamos êxito, mas a verdade maior do mundo de hoje é o individualismo.
         Percebi que mesmo concorrendo a um prêmio literário a maioria das pessoas não entrou lá e por conseguinte não tive o livro classificado para a final. Estou reclamando? Não, apenas constatando o óbvio: mão há uma importância real no que faço. Como já disse o poeta “um dia a gente aprende”.
         Estou aprendendo que na maioria do tempo as pessoas não terão o mesmo entusiasmo que eu, que o entusiasmo será sempre pelas ‘coisas deles’ e eu serei ‘persona non grata’ se não dar atenção, por que? Porque eu sempre presto atenção, nem sempre pela importância do assunto mas sim pela importância da pessoa.
         E então a gente se depara com esta realidade, de que vivemos num mundo onde é cada um por si, onde as pessoas não querem mudar e dizem que são ou eram felizes como estavam, o que me sinaliza o quando eu não sou tão relevante ou insubstituível.
         Não me tenham como melancólico ou dramático aqui, apenas realista a máxima de que ‘não importa o quanto você se importa...algumas pessoas simplesmente não se importam’.
         E o que fazer? Adaptar-se, fazer o que melhor sei fazer: me confrontar e me reencontrar, sabendo o que já havia aprendido e não me distanciando mais disto. Se vou continuar escrevendo? Sim, no meu canto. Se vou continuar falando? Sim, somente para quem quiser ouvir.
         E talvez, ainda que com uma nota de tristeza, deixar cada um fazer o que quiser, pois para as pessoas é só que importa. Quase ninguém está disposto a ouvir, abraçar, ir ver como se está, dar um apoio. Mas todos querem receber isto. Não posso mudar o mundo, mas hei de decorar a minha alma outra vez.
         Ainda carrego em mim toda a minha essência e é dali que retiro o que escrevo. Percebi que cada um acredita apenas nas suas verdades, na sua total inocência e na certeza que sempre e sempre a culpa é de alguém, menos de si mesmo. E eu que reconstruí minha vida assumindo meus erros não sou muito bem visto neste mundo de eufemismos e sofismas. Mudarei? Não mais, apenas vou guardar mais para mim o que penso. “E que esta tensão que me corrói por dentro se transforme na calma e na paz que mereço”.

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